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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Dinheiro que paga dívida trabalhista de Cristiane Brasil sai de conta de funcionária

Dinheiro é usado para quitar acordo de Cristiane Brasil com ex-motorista

Por Juliana Castro, 06/01/2018,
 www.oglobo.com.br


RIO — O dinheiro usado para pagar as parcelas de uma dívida trabalhista que a futura ministra do Trabalho, Cristiane Brasil, tem com um ex-motorista tem saído da conta bancária de uma funcionária lotada em seu gabinete na Câmara. O ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) disse na sexta-feira que o Planalto não vai recuar da nomeação da deputada por causa da condenação dela em uma ação trabalhista, e que a posse será na próxima terça-feira.


Cristiane foi processada na Justiça trabalhista por dois ex-motoristas que alegaram não ter tido a carteira assinada enquanto eram empregados dela, conforme divulgou a TV Globo. Uma das ações foi movida por Leonardo Eugênio de Almeida Moreira e, nesse caso, a nova ministra fez um acordo para pagar a ele R$ 14 mil, divididos em dez parcelas que começaram a ser repassadas em maio do ano passado.

O advogado do motorista, Carlos Alberto Patrício de Souza, notou que têm saído mensalmente da conta bancária de Vera Lúcia Gorgulho Chaves de Azevedo — e não de Cristiane — os R$ 1,4 mil mensais. O GLOBO confirmou que Vera Lúcia é funcionária do gabinete de Cristiane Brasil.

— É um absurdo. O dinheiro sai da conta dessa pessoa e entra na do escritório (para ser repassado ao motorista) ao invés de sair da conta da Cristiane Brasil. Cabe à ministra esclarecer os motivos pelos quais uma assessora parlamentar efetua o pagamento, cuja devedora é a própria ministra — disse o advogado.

Na ação trabalhista, Leonardo relatou ter trabalhado para Cristiane de junho de 2014 a outubro de 2015. Inicialmente, a defesa da ministra negou que o motorista tivesse sido funcionário dela. No entanto, Cristiane fez um acordo com Leonardo na primeira instância, tempos depois que a ministra já havia sido derrotada em outro processo trabalhista.

Leonardo disse ter ficado indignado com a nomeação de Cristiane para o ministério do presidente Michel Temer:

— Quando vi que ela estava sendo nomeada, achei irônico. Fiquei indignado. A pessoa não garante os direitos de quem trabalha para ela, como vai garantir o direito de todos os trabalhadores?

DONA DA CONTA É DO PTB

A dona da conta de onde sai o dinheiro para pagar a dívida trabalhista é filiada ao PTB e recebe da Câmara um salário líquido de R$ 10,8 mil. Também é mãe de Carolina Chaves, que sucedeu Cristiane na Secretaria de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida na gestão Eduardo Paes. Atualmente, Carolina é diretora-geral do Arquivo Nacional, por indicação da futura ministra.

Além de Leonardo, o outro motorista que entrou com ação contra Cristiane foi Fernando Fernandes Dias. Foi nesse caso que a ministra do Trabalho foi condenada a pagar R$ 50 mil. Ele contou ter recebido uma ligação de uma assessora de Cristiane, pedindo que ele não desse entrevista e prometendo pagar o valor devido. Fernandes se disse indignado com a nomeação da antiga patroa:

— Acho que ela não deveria assumir esse cargo.

A escolha de Cristiane para o Ministério do Trabalho foi anunciada pelo ex-deputado Roberto Jefferson, pai dela e presidente do PTB. Jefferson chegou a chorar ao conversar com jornalistas, dizendo que a indicação da filha é um resgate ao nome da família, doze anos depois de eclodir o mensalão. Responsável por denunciar o escândalo e réu confesso, ele foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e passou 14 meses preso.

Em nota, Cristiane diz que “contestou ambas as acusações por entendê-las injustas, porém respeita as decisões dos magistrados, pois fazem parte do processo democrático e dos princípios constitucionais”. Sobre o pagamento das parcelas feito por meio da conta de sua funcionária, a ministra disse que Vera Lúcia é chefe de seu escritório político no Rio e que a representou na audiência. De acordo com a assessoria, por esse motivo, a deputada “entendeu que o dever de garantir o cumprimento do acordado em termos de pontualidade nos pagamentos cabia a ela”.

“Assim, por estar representando a deputada e por mera questão de praticidade, cadastrou a despesa na sua conta pessoal para transferência automática a fim de evitar quaisquer atrasos. Importante ressaltar que os valores pagos são reembolsados pela deputada, restando quitadas ambas as despesas judiciais e pessoais".

Vera Lúcia está de férias e não foi localizada pela reportagem.



quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A franquia Brasil


Por Mentor Neto, 21/07/2017,
 www.istoé.com.br

É realmente impressionante a habilidade do presidente Temer de se esquivar dos ataques dirigidos contra ele.

Fosse o PT um partido sério, não essa bandinha de bate-bumbos para Lula dançar, estaria todo de bloquinho nas mãos, como residentes em um hospital, anotando as aulas do Dr. Temer sobre como se fazia política no século passado.

Neste século, infelizmente, não se criou nenhum método novo.

A tentativa do PT de inovar retirando dinheiro de estatais e transferindo diretamente aos congressistas se provou completamente ineficiente.

Muito fácil de ser descoberta, além de criar ciumeira e o escambau.

Amadores.

O Mensalão, o Petrolão, o Empreiterão, a JBSona provaram que a falta de método é o problema real do PT e por isso seu projeto de se perenizar no governo não deu certo como deu para o PMDB.

Zé Dirceu que o diga.

Ou Aécio, que esqueceu a habilidade do PSDB e destrambelhadamente saiu pedindo empréstimo.

Deselegante.

Muito mais chique é se encontrar com empresários, deputados e senadores na calada da noite.

Fazer conchavos secretos, que você e eu não seríamos capazes de entender nem se escutássemos numa gravação.

Politicamente correto é trocar apoio por cargos.

E não por dinheiro vivo.

Com Temer, voltamos confortavelmente à velha política.

A política em que as empresas públicas são uma espécie de franchising.

Funciona assim:

O governo do PT entuchou um monte de apadrinhados nas empresas públicas.

Aí, de acordo com a necessidade, foi abrindo as torneirinhas de dinheiro e distribuindo o dito cujo para conseguir o que queria.

Percebe que coisa cafona?

Coisa de novo rico.

Na velha política quatrocentona é diferente.

Você entrega as estatais para serem exploradas pelos partidos. Como quem não quer nada.

Uma franquia mesmo.

Empresas públicas, que já provaram ser minas de ouro para quem quer surrupiar dinheiro público, precisam ser cuidadas com carinho.

Você dá essa lojinha para o sujeito e explica como fazer para ganhar dinheiro.

Pode indicar parente, pode disfarçar despesa como investimento, pode até mexer no balanço.

Mas com calma, sem muita sede ao pote, para não chamar a atenção.
Se for descoberto, o partido sabe que ninguém vai protegê-lo.

Feito o acordo, o agraciado rapidamente aprende que não se trata de um caixa eletrônico, como nos anos do PT.

Na velha política, tudo funciona mais como um investimento de médio prazo.

Os políticos da velha guarda não dão o peixe. Eles ensinam a pescar.

Quando a relação está madura, é só pedir em troca o que se deseja.

Quem sabe uma aprovação? Um acordo? Um adiamento? Um quórum aqui, um veredito ali.

Percebe? Sem a grosseira troca de dinheiro.

E só há vantagens, pois é um esquema muito mais difícil de ser investigado.

Outra vantagem é que essa rede de franquias pode ser construída até quando não se tem os cargos principais do Executivo.

Basta estar próximo do poder.

Trocar um ou outro favor por uma estatal e pronto.

O PMDB, por exemplo, está nessa posição há mais de 30 anos, imagine.

A lição é essa. Calma e perseverança.

Diferente de um PT que foi com tanta sede ao pote que deu no que deu.

Perdeu a franquia.

Na velha política, tudo funciona mais como um investimento de médio prazo. Os políticos da velha guarda não dão o peixe. Eles ensinam a pescar. Diferente do PT que foi com sede ao pote e deu no que deu.