Por Rogério Mendelski,
Quando
um trabalhador faz greve está dando um recado ao patrão de sua importância numa
empresa e que sem a sua força de trabalho cessa a produção. Paralisar a
produção de uma empresa significa a interrupção de um sistema econômico que
envolve não apenas relações de trabalho, mas dilemas para quem se envolve nesse
enfrentamento.
Greve
de verdade só traz prejuízos com “baixas” para patrões e empregados. O patrão
porque tem seus lucros interrompidos e os trabalhadores porque deixam de
receber seus salários. Bem, pelo menos é o que estabelece a ética da greve,
quando todos os diálogos são interrompidos.
Agora
vamos falar das greves brasileiras que têm feições próprias. Digamos que nós
temos a capacidade de desmoralizar qualquer atividade humana neste país. Tim
Maia, cantor, compositor e criador de frases debochadas já dizia que no Brasil
“prostituta tem orgasmos, cafetão tem ciúme e traficante se vicia”.
Indo
mais adiante, vale dizer que criminosos com sentença transitada em julgado
ofendem seus julgadores, se dizem inocentes e têm claque até de parlamentares
que se comportam não como homens que fazem leis, mas como comparsas dessas
pessoas.
Quem
acompanha os movimentos grevistas no Brasil já anotou uma reivindicação
inegociável na pauta de negociações: o pagamento dos dias parados. E aí que a
ética da greve vai para o ralo. Como um patrão pode pagar pelo que não foi
produzido? Em nenhum país capitalista do planeta dias não trabalhados são
remunerados. E em nenhum país socialista sequer existe tal reivindicação porque
greve é subversão e dá cadeia para “dissidentes”.
Gente
decente não recebe remuneração sem ter dado em troca o seu trabalho. Mais do
que uma premissa trabalhista é uma lição bíblica: “Ganharás o pão com o suor do
teu rosto”. No país da esperteza e do politicamente correto, onde menor
infrator não é preso, mas “apreendido”, onde caixa 2 é apenas “dinheiro não
contabilizado” e com deputado na cadeia sem perder o mandato, fazer greve pode
ser apenas um descanso remunerado.
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