Por Augusto Nunes, 30/07/2015, www.veja.com.br
Valentina de Botas
Se a Lava Jato fosse uma pessoa e Dilma tivesse o
poder bolivariano com que sonha, a presidente reeditaria os tempos de dossiês
fraudulentos para enlamear nossa operação mãos limpas. Na italiana, mais de
1.200 pessoas foram condenadas entre políticos, agentes públicos e empresários.
O diretor financeiro da petrolífera estatal ENI, que drenava recursos para o
PSI, se suicidou quando denunciado a exemplo de Raul Gardini, o presidente do
segundo conglomerado privado do país, tipo as empreiteiras daqui.
Pulverizaram-se a carreira e a biografia emblemática de dois ex-primeiros
ministros, Bettino Craxi e Giulio Andreotti (o líder do Democracia Cristã, por
envolvimento com o crime organizado).
A magnitude de tudo fez alguns analistas afirmarem
que a operação encerrou a chamada Primeira República Italiana. Faxineira de
araque nas horas vagas da presidente farsante, Dilma sequer cogitou higienizar
a administração que o criador lhe transferia nominalmente porque a podridão é
constitutiva, inerente, intrínseca do jeito PT de governar uma vez que o
objetivo é manter-se no poder, não administrar o país. Ou, por outra,
administrá-lo pelas veredas da imundície para conservar o grande sertão: o
poder.
Somente necrosando tudo em volta, proliferando a
carne da moral morta pelos poderes republicanos e suas instituições, coagindo a
sociedade a ver-se refletida na súcia – no bordão vigarista do é-tudo-igual que
só não seria entoado por quem não gosta que pobre estude em faculdade de quinta
categoria ou por quem não aceita que uma mulher parva seja presidente –
naturalizar espantos e tomar por normalidade a canalhice institucionalizada,
somente assim os farsantes garantiriam a perenidade a que se julgam
predestinados. É na paisagem de um lixão político que lulopetistas, camuflados;
como alguns bichos na natureza se garantem.
Sim, a Lava Jato derrubou o PIB e prejudicou a
economia: somente na república da súcia com suas campanhas do diabo e que se
arrumou na vida, pois azelite-empreiteira que financiava tudo com o nosso
dinheiro está ocupada na cadeia. No país esbulhado também moralmente, o PIB
retraído e a economia desidratada resultam do projeto frutificado na alma presa
à sarjeta de um jeca que, descendo sempre mais, sobe num palanque para defender
os pobres enquanto os espolia.
Resulta da continuidade do sucateamento do país
garantida numa mulherzinha espertalhona com a arrogância dos parvos alheios à
própria parvoíce, insensível à luta desigual dos mais vulneráveis, à asfixia
das classes médias, à angústia dos trabalhadores, ao desinteresse dos
investidores pela grande pátria desimportante. Na Itália, alguns entendem, o
trauma da população com a classe política foi tal que Silvio Berlusconi se
elegeu.
Por aqui, há quem diga que o mesmo clima de
desilusão pode ensejar fenômeno parecido. Não sei. Mas nada deve impedir o
cumprimento da lei e a justiça não existe para ensinar ninguém a votar ou para
elevar o PIB, mas para lavar da paisagem os canalhas que o derrubaram. A Lava
Jato eleva as esperanças, nosso produto interno básico para vislumbrar um país
limpo dessa súcia, única chance de o outro PIB crescer.
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