Por Marco
Antônio Villa, 30/06/2017,
www.istoé.com.br
Não custa repetir: o impeachment de Dilma Rousseff
não encerrou a crise política. Pelo contrário, simplesmente destampou a panela
de pressão da crise sistêmica da democracia brasileira. As contradições
políticas se aprofundaram de tal forma que a solução, relativamente tranquila,
obtida após o processo de impeachment de Fernando Collor – que não foi
concluído, registre-se –, não pode se repetir. 2017 não é 1992 especialmente
porque agora o País passa por uma crise sistêmica, que envolve os três poderes
da República. Vivemos, portanto, não uma crise política, como outras ao longo
da história nacional, mas o colapso do Estado democrático de Direito.
Os três poderes estão carcomidos. As instituições
não conseguem dar conta da complexidade da conjuntura. A sociedade civil a todo
momento manifesta sua profunda insatisfação. Quer um Estado que funcione que:
respeite a coisa pública; que seja ágil, que valorize os valores republicanos.
A sociedade civil apresenta um ar de enfado, até de
apatia. Imaginava também que após o impeachment o País caminhasse para o pleno
funcionamento da democracia, após a maior mobilização popular da nossa
história. Acabou acreditando que as mazelas petistas e seu projeto criminoso de
poder seriam extintos após a saída de Dilma. Ledo engano. Por um lado devido à
permanência na estrutura do Estado dos representantes do PT e, de outro, porque
não houve qualquer mudança na forma de ação da máquina governamental.
A tensão política se agravou ainda mais desde a
segunda quinzena de maio. A crise sistêmica se revelou sem qualquer disfarce.
Houve em algum momento da história do Brasil uma troca de acusações entre o
procurador-geral da República e o Presidente da República como vimos na última
semana? E um presidente, no exercício do cargo, ser denunciado por corrupção? E
um presidente réu? É uma possibilidade na democracia macunaímica que vivemos.
Estamos chegando a um ponto de absoluta
desmoralização das instituições, da elite política, dos padrões morais e
éticos, e, pior, sem encontrar um caminho que permita sair dessa conjuntura.
Não há, ao menos no momento, um caminho e nem a forma de como percorrê-lo. E
onde estão os condutores? E as ideias? Algum projeto para o País? O que há
então? Nada. Resta o vazio e a desesperança.
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