Por Rodrigo Constantino, 08/02/2018,
www.istoé.com.br
A vida é dura, especialmente para o brasileiro, e o leitor tem
total direito de relaxar um pouco no clima carnavalesco. Mas o assunto aqui é
muito sério, e se trata do carnaval do setor público. Os privilégios da casta
superior que ocupa os cargos de governo são simplesmente insustentáveis, e sem
uma reforma liberal nossa economia estará fadada ao abismo.
Existe algo muito perto de uma luta de classes no Brasil, mas os capitalistas
não são os exploradores, como queria Marx, e sim os explorados, ao lado dos
trabalhadores. São eles que precisam ralar dobrado para sustentar um Estado
inchado, com muitos marajás. Não há onde essa discrepância seja maior do que
nas aposentadorias. O rombo da Previdência dos servidores públicos está
chegando a incríveis R$ 300 bilhões! Em todas as esferas de poder há déficits
crescentes, e a aposentadoria consome parcelas significativas da arrecadação
fiscal. A conta não fecha. Ou algo é feito agora, ou será catastrófico nosso
amanhã.
O governo Temer parece ter desistido da reforma previdenciária. A
Prefeitura de São Paulo, por sua vez, ainda insiste na batalha, apesar de forte
resistência dos grupos de interesse. O déficit do Regime Próprio de Previdência
Social do Município de São Paulo foi de quase R$ 5 bilhões em 2017 (mais de 10%
da receita municipal), e a gestão de João Doria apresentou um projeto de lei na
Câmara de Vereadores para reformular o sistema e trazer os servidores públicos
para um regime autossustentável, sem privilégios.
A reação, claro, não tardou. Os sindicatos de servidores, especialmente
da educação, já estão anunciando greve e mobilizando seus vereadores para o
confronto inevitável. Mas para bancar essa farra dos servidores, a sociedade
paga o pato. O valor que sobrou para investimento na cidade foi de apenas R$
1,1 bilhão. Faltam obras, políticas públicas do interesse de todos, pois os
funcionários aposentados consomem o grosso do orçamento.
A solução não pode vir do aumento de arrecadação, pois o Brasil já tem
imposto demais, e isso representa um fardo enorme nas costas de quem produz
riqueza. Além disso, as despesas com os aposentados crescem em ritmo bem maior
do que as despesas com os servidores ativos. Há um problema estrutural, que
simplesmente não pode ser solucionado com mais receita.
Trocando em miúdos, ou o Brasil enfrenta o problema dos gastos públicos
com coragem e transparência, ou teremos problemas econômicos ainda mais graves
em breve. O carnaval pode estar animado, mas depois vem a realidade. E a dura
realidade é que o carnaval do setor público impede o povo trabalhador de ser
feliz durante o resto do ano. Passou da hora de declarar guerra aos privilégios
do setor público.
Os privilégios da casta que ocupa o governo
são insustentáveis. Sem uma reforma liberal, nossa economia estará fadada ao
abismo
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