Por Jarbas Lima, Professor de Direito, 14/07/2013,
www.correiodopovo.com.br.
O
estado de Direito, expressão de Von Mohl, em 1832, recorre a uma ideia anterior
à Revolução Francesa. O estado de Direito está ligado a concepções
antropológicas que têm dominado o mundo nos últimos 400 anos: individualismo. O
expoente do individualismo foi Descartes, em 1630. “Penso, logo existo.” O
direito de pensar é solitário. Individualismo é o homem sozinho, não necessita
de ninguém. Ignora o fato de que vivemos em sociedade.
A
Constituição significa regras estabilizadas, permanentes. Excepcionalmente
tocadas. Limitam o poder. O direito subjetivo é como uma barreira. A
propriedade é da essência dos direitos subjetivos. A separação de poderes
controla o poder do Estado ao dividi-lo. Barão de Montesquieu, em “Le Sprit Du
Droit”, adverte: “Quando se junta os poderes se dá força a um opressor”. No
vértice do estado de Direito, o ponto mais alto de sua concretização, está o
poder Judiciário. Os juízes sempre existiram, em todos os povos e tempos.
Aristóteles chamava-os de “A boca animada das leis”. O poder Judiciário se
constituiu na coroação do estado de Direito. Não se pode deixar de pensar no
estado de Direito, numa judicatura independente, sem vínculos com os outros
poderes, capaz de dizer que a lei é inconstitucional, não se aplica. Dizer ao
Executivo: que está desviado de seus fins. O clamor de homens, mulheres e povos
pedem melhores condições de vida, hospitais, casas, escolas. Impõe-se uma opção
preferencial pelos pobres, os mais carentes, por justiça.
O
poeta italiano Salvatore Quasídomo, ao falar dos momentos trágicos da guerra,
ele disse: “Quando caíram as árvores e os muros, tudo o que dava proteção, tudo
que abrigava do frio, do vento, do sol e da inclemência, tudo havia caído, não
restava nada”. O que pede a sociedade é o estado de Direito. Controle dos
horrores do poder. Este é o clamor do povo. A voz dos injustiçados. Desigualdade
social. Se não tivermos competência para mudar o que está errado, como vamos
olhar nos olhos dos nossos filhos, netos? Claro, antes de tudo, para merecer
confiança, a faxina moral, a honestidade, a honra, a dignidade, na condução da
coisa pública. Lugar de bandido é na cadeia, jamais no poder. A decência se
fortalece no exemplo.
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