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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Lula no vídeo: ‘O Congresso tem clareza de que nós vivemos uma crise profunda e que apenas com a saída desse governo resolveremos alguns problemas da nação’



Por Augusto Nunes, 21/09/2015, www.veja.com.br

“Até o final deste mês, o impeachment será votado porque o Congresso Nacional sabe da responsabilidade que hoje recai sobre os ombros da instituição e sabe que, se não votar o impeachment, ficará desacreditado com a opinião pública”, diz Lula no início do vídeo. “Acho que o Congresso Nacional tem clareza de que nós vivemos uma crise profunda de governo e que somente com a saída do governo é que nós iremos resolver alguns problemas da nação”.
O falatório de agosto de 1992 se aplica ao Brasil deste setembro de 2015, uma reedição ampliada e mais apavorante do país devastado por Fernando Collor. São incontáveis as semelhanças entre a agonia do cangaceiro quarentão e a derrocada do neurônio solitário. Começam pela conjunção de inépcia administrativa, cegueira política e corrupção em escala industrial. Passam pela inexistência de planos que possam abrandar a hostilidade das ruas e do Congresso. E conduzem à certeza de que a solução do impasse exige a imediata substituição da figura que ocupa a Presidência.
É compreensível que o camelô de empreiteira agora considere coisa de golpista o que há 23 anos vendia como único remédio capaz de curar a nação enferma. Impeachment bom é o que afasta do poder um governante inimigo. Vira golpe quando o alvo do instrumento constitucional é um poste que, instalado no Palácio do Planalto para guardar a cadeira presidencial expropriada pelo padrinho, desabou antes da hora e interditou o avanço da nação.
Há um poste em ruínas no meio do caminho. Como ensinou no século passado o chefão do PT, para removê-lo basta o guindaste da lei.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

A pizza do Renan e dos seus amigos senadores



Por Juremir Machado da Silva, 31/01/2013,
 www.correiodopovo.com.br
 Renan não está sozinho.
Na política, tudo costuma ser jogada ensaiada. Se um deputado sinaliza fortemente que está indo para um lado, há fortes possibilidades de que vá para o outro. A isso se chama de astúcia política, mais ou menos como se jogar para cavar o pênalti enganando o árbitro. Se um candidato potencial a um cargo afirma que não está pensando no caso ou que talvez não concorra, é balão de ensaio: quer ver a reação para impor a sua vontade. Como se diz popularmente, político não prega prego sem estopa. O jovem senador Randolfe Rodrigues vem fazendo o papel que lhe caba, o de “enfant terrible” da casa. Há dois dias, revelou o esquema secreto que vem garantindo a vergonhosa candidatura de Renan Calheiros à presidência do Senado.
É simples como são, em geral, as armações das políticas. Simples e funcionais: Calheiros trabalhou para transformar em pizza a CPI do Cachoeira, que, apesar de relatada por um petista, incomodava muita gente importante, inclusive do petismo. Resultado: ninguém foi indiciado. O governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, atolado até o último fim de cabelo, escapou limpinho. O PT gostou e resolveu apoiar Renan para a chefia do Senado. Renan Calheiros, desde o tempo em que era colorido, é um mestre na arte do toma-lá-dá-cá. Randolfe denunciou o “mensalão do Renan”, uma troca de votos na CPI do Cachoeira pelo apoio à sua tomada da presidência do Senado. Nada mudou. Cada voto tem preço.
Randolfe Rodrigues, pelo jeito, daria um ótimo presidente do Senado. Seria um choque de renovação. Aos olhos das velhas raposas, porém, ele é cheio de defeitos: é muito jovem, não gosta de pizza política, integra o PSOL, que incomoda por ser marxista e “radical”. Na política tradicional brasileira radical é um rótulo para adversários da “sensatez”  e a “moderação” dos arranjos convencionais que perpetuam os Renan, Sarney, Jader Barbalho, Paulo Maluf e outros da mesma laia nas suas zonas de conforto. Os “radicais” são cheios de convicções “desagradáveis” e costumam defender temas inconvenientes como ecologia, combate à homofobia e ao trabalho escravo, fim de mordomias do tipo salário-moradia para magistrados que moram nas suas casas e outras coisinhas desse tipo que não chocam os “razoáveis” encastelados no poder.
Dificilmente Randolfe Rodrigues será presidente do Senado. Ele tem qualidades demais para isso. Na vida, quase sempre é muito perigoso ter excesso de competência. Provoca inveja e prevenção. Além disso, ele comete um pecado mortal em política: diz o que pensa publicamente. A grande arte da política consiste em pensar uma coisa e dizer outra para ludibriar o oponente. É no jogo de esconde-esconde que se constroem os grandes poderes. Renan Calheiros não tem moral para presidir um lupanar. Não me choca que ele insista. Faz parte da sua falta de superego. Chocante é que seus colegas o apoiem. Por que não transferem seus votos para Randolfe Rodrigues? Será que quase todo mundo tem o rabo preso em nosso Senado?
Renan Calheiros não está sozinho.
Há muitos coleguinhas dispostos a votar nele.
Sinal de que o Senado ainda não se tornou republicano.


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Tudo explicado



Por Augusto Nunes, 17/09/2015, www.veja.com.br

“Nenhum governo foi eleito para fazer ajuste econômico”.
Edinho Silva, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, no Globo desta quinta-feira, explicando por que o ajuste econômico de Dilma não ajustou nada.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Mendes diz que se fez confusão entre governo e campanha eleitoral e alerta o risco de “laranjal” no sistema de doações




Por Reinaldo Azevedo, 14/09/2015, www.veja.com.br

Gilmar Mendes, ministro do STF e vice-presidente do TSE, falou em São Paulo num seminário sobre a crise política, organizado pela OAB. Segundo a Folha, o ministro afirmou que houve, na gestão Dilma, “uma confusão entre governar e fazer campanha eleitoral”.
Exato! Mendes citou um caso que vivo lembrando aqui: o gasto escandaloso com o Fies, o sistema de financiamento de ensino superior. Disse ele: “A gente percebe que o programa de governo estava associado a um programa eleitoral, medidas que eram tomadas com objetivo eleitoral”.

Querem a evidência em números?  Entre 2010 e 2013 — quatro anos —, o governo federal desembolsou R$ 14,7 bilhões com o programa. Só em 2014, quando Dilma disputou a reeleição, foram R$ 13,75 bilhões. Ou seja: torrou em um ano o que se havia gastado em quatro. E depois a gente pergunta por que o país quebrou?”
O ministro faz outro indagação: “Como você pede sacrifício [aumento de impostos], quando as pessoas acham que houve gastos excessivos, demasiados e sem controle? Quando as pessoas acham que há uma prática sistêmica de corrupção?” E conclui: “Então há uma crise de legitimidade. Esse é o debate que nós estamos vivendo.”

Ele se mostra otimista sobre os desdobramentos da crise: “O Brasil passou por vários momentos difíceis e sempre atravessou via uma engenharia institucional, a habilidade de seus políticos”, disse. “Espero que nós tenhamos essa habilidade.”

Laranjal

Mendes criticou duramente a proposta de proibir as empresas de financiar campanhas eleitorais, permitindo que as doações privadas sejam feitas apenas por pessoas físicas. Segundo o ministro, isso criaria um verdadeiro “laranjal” de doadores, numa referência à gíria empregada para definir pessoas que são usadas para operações financeiras ilícitas: “laranjas”.

Ora, como isso seria feito? Simples como dois mais dois são quatro. Partidos conseguiriam recursos não declarados de empresas e depois procederiam a um rateio entre centenas ou até milhares de pessoas, que emprestariam seus respectivos CPFs para justificar a entrada em caixa do dinheiro. Ou por outra: a proibição da doação daria ensejo, aí sim, a um sofisticado mecanismo de fraude do financiamento de campanha, que a Justiça Eleitoral não teria condições de combater.

A questão, como se sabe, ainda está em julgamento no Supremo. A OAB, que promove o seminário no qual falou o ministro, é autora da Ação Direta de Inconstitucionalidade que pretende que o tribunal declare que o financiamento de campanha por empresas agride o texto constitucional.

A questão está em debate também no âmbito da reforma política. O Congresso aprovou por legislação ordinária a doação de empresas até o limite de R$ 20 milhões, desde que o montante não ultrapasse 2% de faturamento da empresa. O Senado havia vetado essa modalidade do doação, mas os deputados derrubaram a restrição imposta pelos senadores.

Também está no Senado PEC já aprovada na Câmara que constitucionaliza as doações — este, sim, o caminho mais seguro para evitar a aprovação de tolices que jogariam a campanha eleitoral na clandestinidade.