Por Augusto Nunes, 21/09/2015, www.veja.com.br
“Até o final deste mês, o impeachment será votado
porque o Congresso Nacional sabe da responsabilidade que hoje recai sobre os
ombros da instituição e sabe que, se não votar o impeachment, ficará
desacreditado com a opinião pública”, diz Lula no início do vídeo. “Acho que o
Congresso Nacional tem clareza de que nós vivemos uma crise profunda de governo
e que somente com a saída do governo é que nós iremos resolver alguns problemas
da nação”.
O falatório de agosto de 1992 se aplica ao Brasil
deste setembro de 2015, uma reedição ampliada e mais apavorante do país
devastado por Fernando Collor. São incontáveis as semelhanças entre a agonia do
cangaceiro quarentão e a derrocada do neurônio solitário. Começam pela
conjunção de inépcia administrativa, cegueira política e corrupção em escala
industrial. Passam pela inexistência de planos que possam abrandar a
hostilidade das ruas e do Congresso. E conduzem à certeza de que a solução do
impasse exige a imediata substituição da figura que ocupa a Presidência.
É compreensível que o camelô de empreiteira agora
considere coisa de golpista o que há 23 anos vendia como único remédio capaz de
curar a nação enferma. Impeachment bom é o que afasta do poder um governante
inimigo. Vira golpe quando o alvo do instrumento constitucional é um poste que,
instalado no Palácio do Planalto para guardar a cadeira presidencial
expropriada pelo padrinho, desabou antes da hora e interditou o avanço da
nação.
Há um poste em ruínas no meio do caminho. Como
ensinou no século passado o chefão do PT, para removê-lo basta o guindaste da
lei.
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