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quinta-feira, 3 de março de 2016

A confirmação do que aqui se disse: um “cartel” como nunca antes na história “deste país”



Por Reinaldo Azevedo, 03/08/2015,
 www.veja.com.br

Na semana passada, tanto um executivo da Odebrecht como outro da Andrade Gutierrez, que integravam o mesmo consórcio que disputava a construção de Angra 3, informaram que foram procurados por Ricardo Pessoa para fazer doações ao PMDB. Ambos dizem que as doações não aconteceram. Escrevi aqui, no dia 30, o seguinte:

“Tanto o executivo da Camargo Corrêa como o da Odebrecht dizem que não se fez doação nenhuma. Então vamos ver: empresas que compunham um mesmo consórcio eram alvos de, digamos, “pedidos” independentes para doar uma grana aos partidos — nesse caso, ao mesmo partido. Talvez seja essa a forma que o “cartel” tomou no Brasil: é o chamado “cartel jabuticaba”. A propósito: dois consórcios ficaram para a fase final na construção da usina: o Una 3 e o Angra 3. Depois eles se juntaram num só: o Angramon. Quem tomou a decisão? As empreiteiras “cartelizadas” ou o ente que promoveu a licitação?
O problema de dar às coisas o nome errado em razão da ideologia, da burrice, ou seja, lá do que for é o inconveniente que traz: manter inalterada a estrutura que gerou o desmando.”

Pois bem. Leio agora no Estadão o seguinte:

“E-mail entregue pela empreiteira Camargo Corrêa ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) cita conversas de executivos de construtoras com a Eletronuclear sobre as estratégias e os preços que seriam apresentados pelo cartel que rateou licitação de Angra 3.
As tratativas são de novembro de 2013, dois meses antes da licitação. Funcionários da Eletronuclear teriam orientado os executivos suspeitos de formar o cartel a produzir uma proposta na qual somente um dos consórcios, formado por Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht e UTC Engenharia, levaria os dois lotes em disputa.
O acerto era que, posteriormente, o grupo desistiria de um dos lotes, repassando-o às outras integrantes do esquema com o objetivo de aumentar o preço do contrato o máximo possível. Os documentos do Cade não descrevem, contudo, quais executivos da Eletronuclear participaram das negociações na ocasião. Além das quatro empreiteiras, são apontadas como participantes no cartel a Queiroz Galvão, a Empresa Brasileira de Engenharia (EBE) e a Techint.
(…)

Retomo
Quer dizer que os “empresários suspeitos de formar cartel” foram orientados pelos funcionários da Eletronuclear?
No Brasil, não é só a roubalheira que é estupefaciente. Estamos perdendo o apreço pelo sentido das palavras. Quer dizer que o órgão estatal que fazia a licitação, que definia o preço e que escolhia os vencedores “orientou” as empresas a fazer cartel???
Em Banânia, o órgão pagador é que orienta as empresas cartelizadas??? Assombra o mundo.
Isso é de um ridículo sem-par. Olhem aqui: é evidente que as empreiteiras podem ter cometido crime nesse caso e em todos os outros — ou não haveria tanto vagabundos devolvendo alguns milhões aos cofres públicos.
Mas que está em curso uma revolução conceitual, como sabem advogados, administradores e especialistas na área, está: trata-se do cartel comandado por quem paga pelo serviço.
Nunca antes, definitivamente, na história “deste país”.

Se acusações de Delcídio forem comprovadas, Lula e Dilma podem parar na cadeia



Dilma sabe que o cronômetro de sua queda foi disparado e que é impossível pará-lo. Agora é questão de tempo. Que seja de pouco tempo!

Por Reinaldo Azevedo, 03/03/2016,
 www.veja.com.br

A presidente Dilma Rousseff chegou ao fim da linha. Acabou. O melhor que ela pode fazer agora, já afirmei isso aqui tantas vezes, é renunciar ao mandato, o que ensejaria também que a máquina petista, cada vez mais embrenhada no crime, fosse apeada do estado brasileiro.
Mas ela ainda vai resistir. Se o fizer, será deposta pelas leis. Quanto mais tempo isso demorar, pior para o Brasil.
A delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) é devastadora. Não deixa pedra sobre pedra. Todos sabem que ele não era um qualquer.
Antes de cair em desgraça, era o líder do governo no Senado e homem escalado para fazer os altos diálogos da República. Parlamentar bem quisto por todos, transitava bem também entre oposicionistas e era talvez o petista mais cordato com a imprensa.
Acontece que o civilizado Dr. Jekyll, para citar o clássico de Stevenson, também tinha em si um Mr. Hyde, o ser que se metia, para citar o petista Chico Buarque, em tenebrosas transações. Ele conhecia os porões do PT.
Se agiu também em benefício pessoal — e tudo indica que sim —, isso o dirá a continuidade das investigações. Mas, ele assegura, atuou em benefício da máquina criminosa em que se transformou o PT.
O que é novo do que vem à luz da delação de Delcídio? Agora não há mais dúvida: Lula sempre esteve no comando. Não havia ser racional que desconfiasse de tal evidência desde que veio à luz o mensalão. Mas nunca uma figura graduada do partido havia dito isso antes com todas as letras.
Que sítio o quê! Que pedalinho o quê! Que barquinho de lata o quê! Que triplex fubango o quê! Isso tudo não passava de distrações para Lula. A máquina que ele sempre comandou e manipulou é estupidamente maior e mais poderosa.
Mas as coisas não param em Lula. Também Dilma tinha consciência de parte da engenharia criminosa que chegou ao poder, evidencia Delcídio. Mais do que isso: ela tentou obstruir a Justiça, ele confessa. Associada essa acusação às lambanças de Pasadena, os crimes de responsabilidade de Dilma não se limitariam às questões fiscais. E, se tudo for comprovado, também ela pode ir para a cadeia. Junto com Lula.
Disse aqui tantas vezes: “Saia daí, Dilma, enquanto a sua honra é atingida apenas pelas lambanças da pedalada. Você sabe que pode vir coisa pior”. Mas sabem como é… Ela quis ficar. Quanto mais tempo demorar para deixar a Presidência, mais desmoralizada será.
Agora acabou. Agora a casa caiu. Agora não resta mais pedra sobre pedra.
A presidente tentou ainda reagir, falando em nome da presunção de inocência, na necessidade das provas etc. e tal. Isso tudo diz respeito, vamos dizer, ao aspecto penal dos crimes que estão sendo denunciados.
A Presidência da República é um cargo político. Dilma sabe que o cronômetro da deposição foi disparado e que ninguém pode pará-lo. É questão de tempo. Que seja pouco tempo.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Depois de “O PT não tem marqueteiro”, só falta “Instituto Lula é de FHC”




Defesa petista insulta inteligência do povo e é demolida por e-mails obtidos pela PF

Por Felipe Moura Brasil, 23/02/2016,
 www.veja.com.br


 “Nunca antes na história desse país” a inteligência do povo brasileiro foi tão insultada.
Após a prisão de João Santana, o presidente do PT, Rui Falcão, declarou que “o PT não tem marqueteiro, contrata as pessoas para fazer os programas”.
Como se não bastasse o fato de Santana ter atuado em três campanhas presidenciais petistas (Lula, 2006; e Dilma Rousseff, 2010 e 2014), além de outras estaduais e municipais, como a de Fernando Haddad em São Paulo em 2012, a quebra de sigilo de e-mail do marqueteiro demonstrou, segundo a Polícia Federal, que ele “possui relação de muita proximidade” com a suposta presidente Dilma e “possui certa influência sobre as ações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.
a) O relatório policial diz que Santana é “indicado por ela, através de ministros e de assessores, para tratar de assuntos relevantes para o governo federal, dentre elas a CPMF e as Olimpíadas de 2016″, sendo que “Edinho Silva, Ministro de Estado, é quem trata com maior freqüência dos assuntos de interesse da Presidente Dilma Rousseff”, no caso toda e qualquer ação de propaganda importante do governo.
Em uma das mensagens ao marqueteiro, escreve Edinho: “A Presidente pediu que eu ouvisse sua opinião sobre o que seria uma campanha para as Olimpíadas (essa idéia ou outra). Tomei a liberdade de mandar o que já temos, mas podemos começar do zero. Aguardo sua opinião. Abraço, Edinho.”
b) Outra mensagem “trocada com Roberto Mangabeira Unger [ex-ministro de Assuntos Estratégicos] demonstra que o investigado também tem acesso exclusivo ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva”, segundo o relatório da Operação Acarajé.
“Mangabeira, para encaminhar os textos [sobre empreendedorismo] ao ex-presidente, enviou-os para o e-mail de João Santana. A conclusão lógica é que o investigado também possui relação extremamente próxima com Luiz Inácio Lula da Silva até os dias atuais.”
c) Em resposta a uma solicitação de José Manuel De La Sota, ex-governador de Córdoba, na Argentina, para ter uma “reunião reservada” com Lula, Santana escreve que o “presidente Lula está sob uma carga muito forte da ação adversária” e que avisará a Sota tão logo entenda que o momento venha a ser oportuno.
A investigação demonstra, portanto, “os vínculos pessoais dos investigados com membros do alto escalão do Governo Federal e do Partido dos Trabalhadores” e, na prática, por que Santana é chamado nos bastidores da República de “ministro da Propaganda”, o que está muito além de “fazer os programas”.
Lula
Agora, a PF deve investigar também Lula “
por possível envolvimento em práticas criminosas“.
Investigadores apuram um repasse de R$ 12 milhões da Odebrecht ao Instituto Lula, possivelmente para bancar da sede na Zona Sul de São Paulo ou obras em outras propriedades do ex-presidente e pedem a prisão de executivos da empreiteira, como Fernando Miglaccio, para explicar melhor os significados das anotações encontradas.
A polícia ainda cita a mensagem em que o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, menciona também a palavra “Prédio”: “Liberar p/ Feira, pois meu pessoal não ficou sabendo. Deixar prédios com Vaca”, em referência a João (“Feira” de) Santana e ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari (“Vaca”) Neto, ambos suspeitos de envolvimento no escândalo da Petrobras.
Depois de “O PT não tem marqueteiro”, portanto, só falta os petistas alegarem que “Lula não tem instituto”, ou, como é mais próprio deles:
“O Instituto Lula é de FHC.”