Chegou à Mesa da Assembleia Legislativa
de São Paulo a Proposta de Emenda à Constituição que inquieta o Ministério...
Chegou à Mesa da Assembleia Legislativa de São
Paulo a Proposta de Emenda à Constituição que inquieta o Ministério Público por
tirar dos promotores o poder de investigar deputados estaduais, prefeitos e
secretários de Estado e confere tal atribuição exclusivamente ao
procurador-geral de Justiça. O texto, subscrito por 33 parlamentares, foi publicado
na quarta-feira (20) no Diário Oficial do Estado e vai à apreciação da CCJ da
Casa.
O avanço da PEC, de autoria do deputado Campos
Machado, líder do PTB na Assembleia, surpreendeu o Ministério Público.
Promotores e procuradores apostavam que não passava de uma "bravata"
do parlamentar e que ele não conseguiria reunir as 32 adesões necessárias para
protocolar a PEC, chamada de "emenda da impunidade". O MP divulgou em
seu site que a Procuradoria-Geral recebeu garantias da Presidência da
Assembleia de que a PEC não iria se concretizar.
Irritados com a ofensiva dos deputados, na
quarta-feira (20) os promotores foram ao revide. Ferveu a rede Amici, canal
fechado da classe na intranet, com pesadas críticas aos parlamentares. Alguns
sugerem que o petebista devolva o Colar do Mérito Institucional do MP, mais
importante condecoração da instituição, a Campos concedida em 2008.
Valores
Diante da forte reação, o procurador-geral, Márcio
Elias Rosa, divulgou nota pública. Ele crava que a PEC é
"inconstitucional, desnecessária, extemporânea e inconciliável com o
momento vivenciado do País, de afirmação da democracia, preservação dos valores
republicanos e com a construção do conceito de cidadania". Elias Rosa
reafirma "a expectativa de que a PEC será rejeitada".
Parlamentares estão em pé de guerra desde que a
Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social da Capital - braço da
instituição que investiga improbidade - requereu o fim do auxílio moradia na
Assembleia.
Em ação civil, liminarmente acolhida pela 13.ª Vara
da Fazenda Pública, a Promotoria apontou inconstitucionalidade na regalia
concedida todo mês a todos os deputados, indistintamente, mesmo àqueles que
residem a poucas quadras do Palácio 9 de Julho, sede do Legislativo paulista. A
Promotoria calcula em R$ 2,5 milhões o prejuízo anual aos cofres públicos.
A PEC inclui o parágrafo 3.º ao artigo 94 da
Constituição do Estado e promove concentração de poderes nas mãos do
procurador-geral, "autoridade mais adequada para empreender as ações
necessárias para a garantia e manutenção da probidade e legalidade
administrativa". Campos Machado assinala que "a medida se impõe como
mecanismo de fortalecimento do princípio da igualdade entre os poderes, além de
se sobrepor a possíveis interesses políticos locais e pessoais eventualmente
praticados contra aquelas autoridades".
Enigmático, o veterano parlamentar manda recado.
"A Assembleia e o Ministério Público podem estar quebrando ovos que não
vão resultar em omeletes. Não quero o fim das investigações do MP, mas dou um
exemplo. Soube que um promotor oficiou ao deputado Celso Giglio (PSDB)
requisitando o livro de ponto do gabinete dele sob pena de ação de improbidade.
Isso é vilipêndio." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Atualizado:
21/02/2013, por FAUSTO MACEDO, estadao.com.br.