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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O Brasil dos Brasileiros Injustiçado!

Não entro no mérito da questão, tanto o ministro Cardozo tem o direito, como qualquer outro cidadão de achar que a presidente é inocente, que defensores do Impeachment sofram de “problemas psicológicos”, assim com afirmar que as empreiteiras também são inocentes. Segundo afirmam seus diretores foram coagidos a aceitar as condições impostas, que era pagar a propina ou nada feito. Se não denunciaram ao MP e outros órgãos de fiscalização aceitarão e foram no mínimo coniventes. Portanto são culpados. Entretanto a vaca foi pro brejo, agora alegar inocência dando alegações do “arco da velha”, se todos se beneficiarão com a troca de favores; se locupletaram de um lado recebiam a propina e distribuíam, do outro tinham os serviços garantidos junto a Petrobras e outros órgãos do Governo Federal.
O que não é admissível nessa questão é a interferência do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, como mediador recebendo em seu gabinete o advogado Sérgio Renault, defensor da UTC, e acompanhado do ex-deputado Sigmaringa Seixas. A conversa girou em torno de uma manobra prevista para depois do carnaval, que seria a costura de um acordo para livrar a todos. Ou seja, um ministro da Justiça que desobedece ao Decreto Lei 6.061 de 15/03/2007, que dá as seguintes atribuições:
I - Defesa da ordem jurídica, dos direitos políticos e das garantias constitucionais;
II – Políticas judiciárias;
XI – Defesa dos bens e dos próprios da União, e das entidades integrantes da Administração Pública Federal  direta e Indireta;
XIV – Prevenção e repressão à lavagem de dinheiro e de cooperação jurídica internacional;
Formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito, tendo fundamentos a Soberania, a Cidania, a Dignidade da pessoa humana, os Valores sociais do trabalho e da Livre iniciativa e o Pluralismo político.
“Entretanto a ação do ministro Cardozo contraria as regras, de um Estado Democrático de Direito; que hoje virou bagunça”. Pois o ministro José Eduardo Cardozo, que deveria zelar pela ordem e direito e das garantias constitucionais atropelou suas atribuições; além de infringir como ministro da Justiça fere a Lei nº 8.112 de 11/08/1990 que regula a conduta dos servidores públicos. Sendo incompatível com o artigo 31, além do parágrafo 4 do mesmo estatuto.
Na qualidade de ministro da justiça, Cardozo comete o crime de abuso de poder; ao interferir como mediador de defesa dos diretores de empreiteiras, da operação Lava Jato visando livrar Dilma e Lula que veem suas gestões comprometidas. Infringiu e assumiu riscos e compromissos que vinham sendo tratados urgidos e maquiados com o TCU que resultou numa Instrução Normativa nº 74 de 11/02/2015 elaborada a toque de caixa, sendo mais uma manobra para livrar todos de possíveis sanções penais.
Pobre povo brasileiro! O Brasil dos brasileiros injustiçados que vai as ruas comemorar e festejar o Carnaval, como uma janela de fuga da realidade; na tentativa de extrapolar e extravasar sua ”tristeza” com muita festa e alegria; sacudindo a poeira, pois 2015 será um ano de muitas dificuldades, e que seguindo a regra nessas datas comemorativas todos recebem um “presente” grego do governo. Coisa de praxe sai governo entra governo e as promessas são esquecidas.

Um Abraço, 17/02/2015.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Petrobras distribuiu propina.


Postado por Reinaldo Azevedo, 06/09/2014,

Paulo Roberto conta como funcionava o propinoduto que atuava na Petrobras e dá os nomes.
Entre 2004 e 2012, Paulo Roberto Costa foi diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras. Ocupou, portanto, esse cargo, em sete dos oito anos do governo Lula e em quase dois do governo Dilma. Ao longo desse tempo, comandou o que pode ser chamado de “Petrolão” — ou o mensalão da Petrobras. As empreiteiras que faziam negócio com a estatal pagavam propina ao esquema e o dinheiro era repassado a políticos. A quais? Paulo Roberto já entregou à Polícia Federal e ao Ministério Público, num acordo de delação premiada, os nomes de três governadores, de um ministro de estado, de um ex-ministro, de seis senadores, de 25 deputados e de um secretário de finanças de um partido. Segundo o engenheiro, Lula sempre soube de tudo. E, até onde se pode perceber por seu depoimento, talvez a presidente Dilma — que era a chefona da área de energia do governo Lula e presidente do Conselho da Petrobras — não vivesse na ignorância. Paulo Roberto diz que a compra da refinaria de Pasadena foi, sim, fraudulenta e serviu para alimentar o esquema.
Paulo Roberto começou a prestar seu depoimento no dia 29 de agosto. Já gravou 42 horas de conversa. E, tudo indica, está apenas no começo. O Ministério Público Federal e o STF acompanham a operação, já que a denúncia envolve uma penca de autoridades com direito a foro especial. O esquema que ele denuncia é gigantesco. Ainda voltaremos muitas vezes a esse tema. Mas notem como é ridícula toda aquela conversa sobre financiamento público de campanha. Ainda que isso existisse, o mecanismo não serviria para impedir que máquinas criminosas se instalassem em estatais. Se o Brasil quer acabar com boa parte da roubalheira, deve começar privatizando as empresas públicas. Quais? Todas!
VEJA teve acesso à parte do depoimento de Paulo Roberto e traz reportagens exclusivas na edição desta semana, com a lista dos nomes citados por Paulo Roberto. Entre eles, estão cabeças coroadas da política brasileira, como o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo no dia 13 de agosto, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (PMDB). Paulo Roberto acusa ainda Edison Lobão, atual ministro das Minas e Energia, e atinge o coração do Congresso: estão em sua lista os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
PT, PMDB e PP seriam os três beneficiários do esquema, que teria também como contemplados os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR), e os deputados João Pizzolatti (PP-SC) e Candido Vaccarezza (PT-SP), que já havia aparecido como um dos políticos envolvidos com o doleiro Alberto Youssef, que era quem viabilizava as operações de distribuição de dinheiro. Mas há muitos outros, como vocês poderão constatar nas reportagens de VEJA, como Mário Negromonte, ex-ministro das Cidades, do PP da Bahia.

O esquema começou no governo dele, que, segundo Paulo Roberto, sabia de tudo…
Lula e Dilma não quiseram se pronunciar a respeito. Os demais negam envolvimento com Paulo Roberto. Alves, o presidente da Câmara, chega a dizer ao repudiar a acusação: “A Petrobras é petista”. Que o PT estivesse no centro do esquema, isso parece inegável. Um dos nomes da lista feita pelo engenheiro é João Vaccari Neto, o homem que cuida do dinheiro do PT. É secretário de Finanças do partido. Ele é, vejam a ironia da coisa, o substituto de Delúbio Soares. Não é a primeira vez que seu nome frequenta o rol de envolvidos em escândalos.

…e continuou no governo dela. Será que não sabia? O engenheiro está magoado com a presidente…
Paulo Roberto tem noção da gravidade de suas acusações. Tanto é que, quando ainda hesitava em fazer a delação premiada, cravou a frase: “Se eu falar, não vai ter eleição”.
E por que falou? A interlocutores, ele diz que não quer acabar como Marcos Valério, que ficará por muitos anos na cadeia, enquanto os chefões políticos do mensalão já se preparam para viver dias felizes fora do xadrez. O homem também está muito magoado com a presidente Dilma. Até agora, ele não fez nenhuma acusação direta à candidata do PT à reeleição — Lula não escapou —, mas deixa claro que ela foi, sim, politicamente beneficiada pelo propinoduto, que mantinha feliz a base aliada.
Qual vai ser o desdobramento político disso? Vamos ver. Uma coisa é certa: as revelações de Paulo Roberto atingem em cheio as duas candidatas que lideram a disputa pela Presidência da República: Dilma, por razões óbvias, e Marina, por razões menos óbvias, mas ainda assim evidentes. Ela é a atual candidata do PSB à Presidência. Confirmadas as acusações de Paulo Roberto, é de se supor que o esquema ajudou a financiar as ambições políticas de Campos, de que ela se tornou a herdeira.
A situação de Dilma, obviamente, é mais grave: afinal, ela era a czarina do setor energético, ao qual pertence à Petrobras. Presidia também o seu conselho. Deu um empregão para Nestor Cerveró, o homem que ajudou a viabilizar a compra de Pasadena, que Paulo Roberto agora diz ter sido fraudulenta. O chefão das finanças de seu partido é um dos implicados no esquema.
Paulo Roberto ainda está preso. Ele se comprometeu a abrir mão dos bens que acumulou em razão do esquema fraudulento e a pagar uma multa. As pessoas que atuam na investigação têm agora de confrontar suas informações com outras provas colhidas, com o objetivo de verificar se suas informações são procedentes. Se forem e se ele realmente ajudar a desbaratar um esquema de falcatruas bilionárias, pode até ganhar a liberdade.

A República treme.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O bafo(metro) de Lula. Ou: Há sete anos…

Por  Reinaldo Azevedo, 17/10/2014,
 www.veja.com.br.

No debate desta quinta, Dilma tentou ligar Aécio Neves à bebida. E se deu mal. Era decisão partidária. Lula fizera o mesmo num comício, há três dias. Quem diria, né? O poeta da cachacinha virou um moralista! E que se note: Lula gosta mesmo é de uísque, que ele bebia a farta na FIESP, quando negociava uma coisa com os empresários e falava outra em assembleia para a “peãozada”. Um verdadeiro artista na arte da dissimulação. Sempre foi.
Em 2004, Larry Rohter, correspondente, então, no New York Times no Brasil, escreveu que o homem gostava de uma cachacinha. O chefão petista deu ordens para expulsá-lo do Brasil. A esquerda herbívora e carnívora babou de patriotismo.
Para muita gente, segue inesquecível a solenidade de posse de Nelson Jobim no Ministério da Defesa, em 25 de julho de 2007. O chefão petista estava num daqueles dias, digamos, cheios de alegria. Ao se despedir de Waldir Pires, o ministro que saía, disse com voz bem característica que o homem, coitado! estava cansado… Ao saudar o titular que chegava, afirmou que resolveu nomeá-lo porque este estaria em casa, sem fazer nada, enchendo o saco da mulher. Era mesmo um gigante da institucionalidade!
Mas a gente sabe como são os moralistas, não é? Um repórter estrangeiro afirmar, em tom cordial, sem viés de denúncia, que Lula toma uma cachacinha é um crime contra a pátria. Lula sacar a acusação contra um adversário é coisa de poeta. Nojo!                                   



Venina volta a citar Lula e Gabrielli em depoimento à Justiça

Ex-gerente da estatal foi pressionada pelo advogado de defesa do doleiro Alberto Youssef a lembrar a conversa com Costa ocorrida em 2008
Por Renato Onofre, 09/02/2015,
www.oglobo.com.br.
SÃO PAULO — A ex-gerente da Petrobras, Venina da Fonseca, voltou a dizer que foi advertida pelo ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, de que suas denúncias iriam derrubar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o então presidente da estatal José Sérgio Gabrielli. Em depoimento na sexta-feira no processo envolvendo réus ligados a Galvão Engenharia, Venina foi pressionada pelo advogado de defesa do doleiro Alberto Youssef a lembrar a conversa com Costa. O fato, que teria ocorrido em 2008, já havia sido relato por Venina à imprensa em dezembro do ano passado.
O criminalista Figueiredo Basto lembrou da entrevista concedida por Venina à TV Globo na qual ela narra a conversa com Paulo Roberto Costa. Visivelmente incomodada, Venina responde:
— Mas esse assunto não tem haver com esse assunto (envolvimento de réus ligados à Galvão Engenharia) que estamos tratando aqui. Quando esse fato ocorreu foi numa outra irregularidade — disse Venina.
Basto pergunta ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, se pode continuar o assunto. O magistrado diz que sim, mas sem que se estenda. Venina mais uma vez relata que o assunto não tem nada haver com o processo do dia, mas responde:
— Presidente Lula e Gabrielli.
Em dezembro, Venina já havia relatado que, ao cobrar de Costa investigações na área de Abastecimento, ouviu dele apontado para o retrato do ex-presidente: “Você quer derrubar todo mundo?”.

— Aí eu falei com ele o seguinte: 'ele já fez, não tem como eu agora chegar e falar 'vamos esquecer o que aconteceu e vamos realmente trabalhar diferente daqui pra frente''. Existia um fato concreto que tinha que ser apurado e que tinha que ser investigado. Aí neste momento ele ficou muito irritado comigo. A gente estava sentado numa mesa da sala dele, ele apontou pro retrato do Lula, apontou também pra direção da sala do Gabrielli e me perguntou: 'você quer derrubar todo mundo?' Aí eu fiquei assustada e falei pra ele assim: 'olha, eu tenho duas filhas, eu tenho que colocar a minha cabeça num travesseiro e dormir, e no outro dia de manhã eu tenho que olhar nos olhos dela e não sentir vergonha’ — disse ela ao Fantástico.

Lula e Dilma sabiam do esquema?

Brasil, 22/11/2014,
www.veja.com.br.
E-mails provam que Lula e Dilma poderiam ter interrompido o propinoduto.
O doleiro Alberto Youssef disse à Justiça que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção na Petrobras. Agora, mensagens encontradas pela PF em computadores do Planalto mostram que eles poderiam ter interrompido o propinoduto, mas, por ação ou omissão, impediram a investigação sobre os desvios.
Antes de se revelar o pivô do petrolão, o maior escândalo de corrupção da história contemporânea brasileira, o engenheiro Paulo Roberto Costa era conhecido por uma característica marcante. Ele era controlador e centralizador compulsivo. À frente da diretoria de Abastecimento e Refino da Petrobras, nenhum negócio prosperava sem seu aval e supervisão direta. Como diz o ditado popular, ele parecia ser o dono dos bois, tamanha a dedicação. De certa forma, era o dono — ou, mais exatamente, um dos donos —, pois já se comprometeu a devolver aos cofres públicos 23 milhões de dólares dos não se sabe quantos milhões que enfiou no próprio bolso como o operador da rede de crimes que está sendo desvendada pela Operação Lava-Jato. Foi com a atenção aguçada de quem cuida dos próprios interesses e dos seus sócios que, em 29 de setembro de 2009, Paulo Roberto Costa decidiu agir para impedir que secassem as principais fontes de dinheiro do esquema que ele comandava na Petrobras. Costa sentou-se diante de seu computador no 19º andar da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, abriu o programa de e-mail e pôs-se a compor uma mensagem que começava assim:
“Senhora ministra Dilma Vana Rousseff...”.
O que se segue não teria nenhum significado mais profundo caso fosse rotina um diretor da Petrobras se reportar à ministra-chefe da Casa Civil sobre assuntos da empresa. Não é rotina. Foi uma atitude inusitada. Uma ousadia. Paulo Roberto Costa tomou a liberdade de passar por cima de toda a hierarquia da Petrobras para advertir o Palácio do Planalto que, por ter encontrado irregularidades pelo terceiro ano consecutivo, o Tribunal de Contas da União (TCU) havia recomendado ao Congresso a imediata paralisação de três grandes obras da estatal — a construção e a modernização das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Getúlio Vargas, no Paraná, e do terminal do Porto de Barra do Riacho, no Espírito Santo. Assim, como quem não quer nada, mas querendo, Paulo Roberto Costa, na mensagem à senhora ministra Dilma Vana Rousseff, lembra que no ano de 2007 houve solução política para contornar as decisões do TCU e da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional.

Também não haveria por que levantar suspeitas se o ousado diretor da Petrobras que mandou mensagem para a então ministra Dilma Rousseff fosse um daqueles barnabés convictos, um “Caxias”, como se dizia antes nas escolas e no Exército de alguém disposto a arriscar a própria pele em benefício da pátria. Em absoluto, não foi o caso. Paulo Roberto Costa, conforme ele mesmo confessou à Justiça, foi colocado na Petrobras em 2004, portanto cinco anos antes de mandar a mensagem para Dilma, com o objetivo de montar um esquema de desvio de dinheiro para políticos dos partidos de sustentação do governo do PT. Ele estava ansioso e preo­cupado com a possibilidade de o dinheiro sujo parar de jorrar. É crível imaginar que em 29 de setembro de 2009 Paulo Roberto Costa, em uma transformação kafkiana às avessas, acordou um servidor impecável disposto a impedir a paralisação de obras cruciais para o progresso da nação brasileira? É verdade que às vezes a vida imita a arte, mas também não estamos diante de um caso de conversão de um corrupto em um homem honesto da noite para o dia.

Meu manifesto contra a corrupção

Por Juremir Machado da Silva, 15/11/2014, 

Faz tempo que eu ando como vontade de me manifestar. Uma manifestação que se preze tem de ser sob a forma de manifesto. Meu manifesto é contra tudo e contra todos como deve ser um bom manifesto anarquista. Eu me manifesto, antes de tudo, contra o PT, que, para distribuir migalhas aos pobres tem praticado a velha corrupção que marca o Brasil através dos séculos. Em segundo lugar, eu me manifesto contra os tucanos, que, não conseguem combater o PT sem praticar a velha corrupção que atravessa o Brasil desde sempre. Em terceiro lugar, eu me manifesto contra os aliados do PT, como o PMDB, que joga dupla ou triplo e pratica a velha corrupção ao mesmo tempo em que a condena. O PT, porém, por estar no poder há 12 anos, merece ser mais criticado.
Ou se livra de vez da corrupção ou vai apodrecer com ela.
Quero me manifestar contra todos os simplórios, reducionistas e ideológicos que tapam o sol com a peneira escondendo a corrupção de uns e valorizando seletivamente a de outros.
A crítica mais justa contra o petismo é a que o apresenta como o sucessor do malufismo:
– Rouba, mas faz.
O PT precisa de um tranco, um banho de vergonha na cara, um choque elétrico para acordar da racionalização primitiva que o faz se ver como um Robin Hood surrupiando dos ricos para dar aos pobres. Dilma Rousseff terá mais quatro anos para provar que é possível governar bem sem mensalão nem petrolão. Está disposta a cortar na carne para limpar o chiqueiro em que o Brasil se converteu? A descrença de muitos na política tem a ver com esse “todos farinha do mesmo saco” cada vez mais verdadeiro. Mas isso não pode servir de álibi para quem está no poder continuar se atolando na sujeira. Eu me manifesto contra todos os partidos políticos que jogam o mesmo jogo e se justificam dizendo que jogam conforme as regras do jogo jogado.
– Fala sério!
Foi-se o famigerado coronel José Sarney. Ficou o implantado capilar com voo oficial e pensão paga à namorada por empresa amiga Renan Calheiros. Querem que eu acredite na transparência de quem tem um aliado desse quilate? O petismo afundou na lama do seu “realismo” e não consegue mais colocar a cabeça de fora. Também não faz muito esforço. Transforma o larápio em herói baseado na tese de que os larápios alheios não são julgados nem condenados. O PT alimenta o antipetismo com a sua indolência diante do argumento que pode liquidá-lo, a complacência com a corrupção. A sua única resposta é:
– Os outros também fazem.
Meu manifesto é visceral, caboclo, barroco, tropicalista, libertário e esponjoso. Diz não a tudo e a todos. Parafraseando o anarquista alemão Max Stirner, os partidos e eu somos inimigos. Mais ainda, o poder e eu só nos encontramos na contramão. Pobres dos incautos que imaginam o contrário. A minha bandeira se resume assim:
– Não confiem em mim.
Meu manifesto termina aqui. É só o começo de uma ira que se espalhará pelos tempos. Vai, Brasil, toma jeito. Vai, PT, toma tento.


O PT sem a pele de cordeiro

O Estado de S.Paulo, 05/11/2014,
A direção do PT considera que a reeleição da presidente Dilma Rousseff é a oportunidade para fazer uma profunda mudança na organização do Estado, na direção daquilo que o partido chama de "reformas democrático-populares".
Uma resolução da sua Comissão Executiva Nacional - que reúne a nata do comando petista - deixa claro que o partido está convencido de que já pode despir-se da pele de cordeiro que Lula precisou vestir quando se elegeu pela primeira vez, em 2002. Naquela ocasião, recorde-se, o ex-metalúrgico - que em 1989 prometia estatizar tudo e tratar com desprezo os credores internacionais, aos quais chamava de "agiotas" - mudou o discurso e passou a prometer o "respeito aos contratos e obrigações".
Passado o susto da apertadíssima eleição, em que Dilma venceu basicamente porque sua equipe de marketing levou o "vale-tudo" eleitoral a dimensões inéditas, o PT quer tomar à dianteira e pautar o novo mandato da presidente - desta vez na direção de seu antigo projeto de 1989. No radical programa de governo para a campanha eleitoral daquele ano, o texto assinado por Lula dizia: "Se me pedissem para resumir numa frase o sentido do nosso programa, eu diria: reorganizar a sociedade brasileira, conferindo o papel de direção àqueles que vivem no mundo do trabalho e da cultura".
As semelhanças daquele programa de Lula com o adotado pelo atual comando do PT na resolução divulgada nesta semana são claras. Entre as prioridades escolhidas pelo partido para o novo mandato de Dilma, os petistas dizem que "é urgente construir hegemonia na sociedade" e "promover reformas estruturais, com destaque para a reforma política e a democratização da mídia".
A "hegemonia" perseguida pelo PT é o poder de determinar o que é a verdade, o que é certo e o que é errado. Para isso, é necessário "promover reformas estruturais", especialmente à reforma política - que, no modelo petista, significa submeter o Estado a organizações "populares" que respondem ao partido -, e "democratizar a mídia", que é o outro nome para a censura e a tentativa de propagar o pensamento único.
Assim, para o atual comando petista, nostálgico dos anos de sua fundação, a tarefa de "transformar o Brasil" demanda agora uma combinação de ação institucional, de mobilização social e de "revolução cultural". Para isso, o partido quer ampliar a importância de áreas como comunicação, educação, cultura e esporte, "pois as grandes mudanças políticas, econômicas e sociais precisam criar raízes no tecido mais profundo da sociedade brasileira". Eis aí a fórmula da hegemonia proposta pelo PT.
Com esses objetivos em mente, a liderança petista pretende, segundo suas palavras, "incidir na disputa principal em curso neste início do segundo mandato", isto é, "as definições sobre os rumos da política econômica". A pressão pública sobre Dilma - que, recorde-se, só se tornou petista em 2001 e enfrenta desconfiança dentro do partido desde sempre - é uma tentativa de forçá-la a abandonar os compromissos políticos do primeiro mandato, oferecendo-lhe em troca o apoio de sua militância nas ruas.
Nesse sentido, o aceno à oposição feito por Dilma logo após sua vitória foi desdenhado explicitamente na resolução petista. Os mais de 50 milhões de eleitores que votaram em Aécio Neves (PSDB) foram tratados como simpatizantes do "retrocesso neoliberal" e das "piores práticas políticas", a saber: "O machismo, o racismo, o preconceito, o ódio, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar".
Aqueles que ousam se opor ao governo são, segundo os petistas, "apoiados pela direita, pelo oligopólio da mídia, pelo grande capital e seus aliados internacionais" e, portanto, não fazem parte do "povo brasileiro". Este, por sua vez, é somente aquele que vota no PT. Por essa razão, o partido diz que "precisa honrar a confiança que, mais uma vez, o povo brasileiro depositou em nós" e anuncia: "Não o decepcionaremos: com a estrela vermelha no peito e um coração valente, avançaremos em direção a um Brasil democrático-popular".
Este é o verdadeiro rosto do PT, que nem mesmo a imensa dificuldade para a reeleição de Dilma conseguiu alterar.