Por Reinaldo Azevedo, 17/10/2014,
www.veja.com.br.
No
debate desta quinta, Dilma tentou ligar Aécio Neves à bebida. E se deu mal. Era
decisão partidária. Lula fizera o mesmo num comício, há três dias. Quem diria,
né? O poeta da cachacinha virou um moralista! E que se note: Lula gosta mesmo é
de uísque, que ele bebia a farta na FIESP, quando negociava uma coisa com os
empresários e falava outra em assembleia para a “peãozada”. Um verdadeiro
artista na arte da dissimulação. Sempre foi.
Em
2004, Larry Rohter, correspondente, então, no New York Times no Brasil,
escreveu que o homem gostava de uma cachacinha. O chefão petista deu ordens
para expulsá-lo do Brasil. A esquerda herbívora e carnívora babou de
patriotismo.
Para
muita gente, segue inesquecível a solenidade de posse de Nelson Jobim no
Ministério da Defesa, em 25 de julho de 2007. O chefão petista estava num
daqueles dias, digamos, cheios de alegria. Ao se despedir de Waldir Pires, o
ministro que saía, disse com voz bem característica que o homem, coitado!
estava cansado… Ao saudar o titular que chegava, afirmou que resolveu nomeá-lo
porque este estaria em casa, sem fazer nada, enchendo o saco da mulher. Era
mesmo um gigante da institucionalidade!
Mas
a gente sabe como são os moralistas, não é? Um repórter estrangeiro afirmar, em
tom cordial, sem viés de denúncia, que Lula toma uma cachacinha é um crime
contra a pátria. Lula sacar a acusação contra um adversário é coisa de poeta.
Nojo!
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