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terça-feira, 29 de abril de 2014

Corrupção à brasileira



Por Rogério Mendelski, 20/04/2014, www.radioguaiba.com.br.
Um amigo falecido dez anos atrás sempre me dizia que o “melhor” da corrupção brasileira não estava nas titularidades ministeriais ou nas secretárias estaduais, mas nos pontos-chave dessas Pastas de nossa administração pública (União, estados e municípios). Ele dizia também que a corrupção se aperfeiçoava na velocidade de um guepardo enquanto a repressão andava como um cágado e era essa metodologia do assalto aos cofres públicos que “construía” fortunas intocadas até mesmo pela Receita Federal. O laranjal de empresas fantasma, de CPFs falsos eram ancoradouros seguros para quem planejasse enriquecer na súcia entre corruptos e corruptores. Ele me contou que certa vez um conhecido seu foi convidado para ser secretário de Estado pelo governador que acabara de assumir e a resposta veio de pronto: “Se tu és meu amigo como dizes me nomeia, para diretor de compras daquela estatal que eu fico rico e tu também!”. Claro está que o governador riu e mudou de assunto para não perder o amigo. Mas isso aconteceu há muitos anos e hoje parece que o organograma de rapinagem do dinheiro público está assentado exatamente, nesses postos-chaves da administração, ou seja, ela federal, seja estadual, ou seja, municipal. A corrupção brasileira tornou-se uma instituição nacional como dizia o personagem Justo Veríssimo, criação genial de Chico Anísio, e o seu bordão é o que tem norteado os corruptos tupiniquins – “Eu quero é me arrumar!”. Eu me lembrei desse amigo que já se foi quando li a ação deletérica do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal. PRC era ligação dos corruptos e corruptores que assaltaram a nossa maior empresa pública e tinha em sua casa uma contabilidade paralela com nomes, contatos e destinação do dinheiro surrupiado. Na mesma agenda, PRC, talvez desfrutando da tradicional impunidade associada à audácia do estelionatário nacional, registrou frases de Millôr Fernandes sobre a corrupção. Meu amigo achava que a suprema corrupção seria alguém chegar à Casa da Moeda para fazer tiragem extras de notas de R$ 100. Santa ingenuidade! Ele não conhecia os “malfeitos pontuais” – no dizer da presidente Dilma – da Petrobras...

Ineficiência e corrupção (1)
O portal do Jornal O Estado e Minas (em.com.br) publicou em 20/08/2013, um levantamento da corrupção e da ineficiência do serviço público e o resultado de sua pesquisa é assustador: o Brasil joga pelo ralo R$ 1 trilhão por ano com essa parceria deletéria.
Ineficiência e corrupção (2)
O desvio de verbas públicas em todos os níveis administrativos registra um valor de R$ 70 bilhões todos os anos. No entanto bem mais que a corrupção é a ineficiência dos serviços públicos que torra o dinheiro do cidadão brasileiro.
Ineficiência e corrupção (3)
O impacto econômico dos acidentes de trânsito no Brasil, com uma média de 50 mil mortos por ano, atinge a soma de R$ 24,6 bilhões. Já a perda de receitas pela deficiente infraestrutura logística do país (portos, aeroportos, rodovias e ferrovias) vai a R$ 195,7 bilhões.
Ineficiência e corrupção (4)
O desperdício tem um espaço reservado no chamado Custo Brasil. As empresas encarregadas dos serviços de água e esgoto estimam um prejuízo anual de R$ 13 bilhões e as falhas do sistema de transmissão de energia elétrica causam uma brecha no faturamento de R$ 15 bilhões.
Ineficiência e Corrupção (5)
O setor de abastecimento nacional não fica para trás quando se somam os prejuízos. O desperdício de alimentos no lixo é de 26,3 milhões de toneladas e as safras por falta de escoamento causam um prejuízo de R$ 2,7 bilhões.
Ineficiência e corrupção (6)
A burocracia faz as empresas perderem 2,6 mil horas PR ano na papelada exigida pelo sistema legal brasileiro. Já o mercado informal cada vez mais crescente no país causa um prejuízo de R$ 700 bilhões aos órgãos arrecadadores. É a soma de todas essas mazelas que leva o Brasil a desperdiçar R$ 1 trilhão por ano.

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