Por
Carolina Farina, 20/02/2015,
www.veja.com.br.
FHC: Dilma adere à tática de quem rouba carteira e grita 'pega ladrão'
Ex-presidente respondeu às declarações da petista, que culpou o governo
do tucano por não ter iniciado uma investigação sobre desvios na Petrobras.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardozo respondeu nesta sexta-feira às declarações da presidente
Dilma Rousseff, que lançou mão da velha tática
petista e culpou o governo FHC por não ter iniciado uma investigação sobre
os desvios na Petrobras na década de 1990. Em nota, o ex-presidente afirma que
Dilma aceitou “a tática infamante da velha anedota do pungista que mete a
mão no bolso da vítima, rouba e sai gritando ‘pega ladrão’”.
FHC salientou o fato de Dilma tratar do trecho da delação premiada em
que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirma que começou a receber
propina da empresa holandesa SBM offshore em 1997, mas ignorar as demais
revelações feitas por ele. “O delator a quem a presidente se referiu foi
explícito em suas declarações à Justiça. Disse que a propina recebida antes de
2004 foi obtida em acordo direto entre ele e seu corruptor. Somente a partir do
governo Lula a corrupção, diz ele, se tornou sistemática”, afirmou. E
questiona: “Como alguém sério pode responsabilizar meu governo pela conduta
imprópria individual de um funcionário se nenhuma denúncia foi feita na
época?”.
Ainda segundo o ex-presidente, o petrolão não é caracterizado por
desvios de conduta individuais de funcionários da Petrobras – nem são os
empregados, em sua maioria, os responsáveis. “Trata-se de um processo
sistemático que envolve os governos da presidente Dilma e do ex- presidente
Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores
da empresa ora acusados de, em conluio com empreiteiras e, no caso do PT, com o
tesoureiro do partido, de desviar recursos em benefício próprio ou para cofres
partidários”.
O ex-presidente encerra a nota recomendando mais cuidado a Dilma diante
dos fatos. “Em vez de tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre
mim, que nada tenho a ver com o caso, ela deveria fazer um exame de
consciência”, afirma.
Ao tratar da delação de Barusco, a presidente se calou sobre a mais
grave informação prestada pelo delator: a de que o tesoureiro do PT João
Vaccari Neto recebeu até 200 milhões de dólares em propina do escândalo do
petrolão.
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