Por Murilo de
Aragão, 23/20/2018,
www.istoé.com.br
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Duas coisas
fundamentais para o viver: a dúvida e a confiança. O mundo gira em torno desses
dois sentimentos. Tanto a dúvida quanto a confiança nos impulsionam. Ambos,
porém, estão em falta no Brasil.
Ainda que possa
parecer paradoxal, os idiotas têm muitas certezas. Já os sábios têm dúvidas e
confiança na necessidade de buscar respostas. No Brasil, os idiotas fazem mais
barulho do que os homens comuns e os sábios. A certeza é outro componente da
questão central da dúvida e da confiança. Mas é uma vulgata, já que a certeza
foi vulgarizada pela sua banalização.
Sem dúvidas e
desconfiando de tudo, os adoradores do “não é possível que” utilizam essa
expressão como abertura dos trabalhos mentais para, adiante, concluí-los com um
“com certeza”. Em especial, nas respostas prontas a perguntas que visam
respostas ratificadoras ao que é perguntado. Do tipo entrevista de rua sobre o
BBB.
Nesse caso,
perguntado e perguntador são hamsters que dividem a roda onde correm para ficar
no mesmo lugar. É o prazer de atender à expectativa de quem pergunta e encaixar
a sua previsível resposta em um quebra-cabeça de e para debiloides. Hoje, no
mundo, existe uma conspiração contra os especialistas. Ironicamente, o tema é
tratado por alguns especialistas e não é revanchismo. Milhares de
subcelebridades e celebridades falam sobre tudo com aparente propriedade e são
validados pela mídia.
Muitas vezes a
mídia opera para transportar o que a mediocridade majoritária quer ouvir e/ou
manipular os sentimentos de acordo com as suas expectativas. Ignorantes são
indagados e respondem o que serve para validar o que se quer mostrar ao
público.
Atualmente, sabemos
mais em volume de informação do que sabia Michel de Montaigne em 1580. Contudo,
o que ele sabia vale muito mais do que o que sabemos hoje em termos de
filosofia. Na roda do hamster, quanto mais sabemos menos sabemos.
O que fazer? Pela
ordem: duvidar de tudo; desejar e esperar o melhor, mas estar preparado para o
pior. Saber ao certo em quem confiar e não ser capturado pelo “não é possível
que”, que leva, “com certeza”, a conclusões preconcebidas e rasteiras.
Os idiotas têm muitas certezas. Já os
sábios têm dúvidas e confiança na necessidade de buscar respostas. No Brasil,
os idiotas fazem mais barulho do que os homens comuns e os sábios
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