Juiz Moro o sentenciou por corrupção
e lavagem de dinheiro. É a primeira vez na história do Brasil que um
ex-presidente é condenado por receber propina
Por Rodrigo Rangel, 12/07/2017,
www.veja.com.br
O
juiz Sergio Moro condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro. A sentença, anunciada nesta quarta-feira, é a decisão
derradeira de Moro no processo em que o petista foi acusado pela força-tarefa
da Lava-Jato de receber propina da OAS, uma das
empreiteiras do chamado clube do bilhão, que se refestelou nos últimos anos com
contratos bilionários na Petrobras. Entre as vantagens recebidas por Lula,
segundo a acusação, está um apartamento tríplex no balneário do Guarujá, em São Paulo. É a primeira vez
que um ex-presidente do Brasil é condenado por corrupção.
Pouco
menos de dez meses se passaram entre a acusação formal feita pelos procuradores
da Lava-Jato e a sentença do juiz Moro. Ao acusar Lula, a força-tarefa apontou
o ex-presidente como “chefe” do esquema de corrupção montado na Petrobras e o
acusou de participar, em parceria com a OAS, do desvio de mais de 87
milhões de reais dos cofres da estatal. “Após assumir o cargo de presidente da
República, Lula comandou a formação de um esquema delituoso de desvio de
recursos públicos destinados a enriquecer ilicitamente, bem como, visando à
perpetuação criminosa no poder, comprar apoio parlamentar e financiar caras
campanhas eleitorais”, escreveram os procuradores. “Lula era o maestro dessa
grande orquestra”, chegou a dizer, na ocasião, o coordenador da força-tarefa,
Deltan Dallagnol.
De acordo
com a denúncia, Lula recebeu 3,7 milhões de reais em vantagens indevidas
pagas pela OAS. A maior parcela, 1,1 milhão de reais, corresponde ao
valor estimado do tríplex, cujas obras foram concluídas pela empreiteira. Os
procuradores sustentaram ainda que a companhia gastou 926.000 reais para
reformar o apartamento e outros 350.000 reais para instalar móveis planejados
na unidade, sempre seguindo projeto aprovado pela família Lula. A acusação
inclui 1,3 milhão de reais que a OAS desembolsou para pagar uma empresa
contratada para armazenar bens que o petista levou para São Paulo após deixar a
Presidência da República. Desde o início da investigação que deu origem à
sentença agora proferida por Moro, Lula sempre negou ter recebido vantagens da
OAS. O ex-presidente ainda é réu em outros quatro processos.
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