Troca
de mensagens desencadeou suspeita de favorecimento de filha de um juiz:
BRASÍLIA
- Integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado
apresentarão requerimentos para apurar as circunstâncias da troca de e-mails
que indicam um "conluio" dentro do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ). A suspeita de favorecimento da filha do ex-conselheiro Tourinho Neto por
uma decisão do conselheiro Jorge Hélio foi o que desencadeou o movimento.
O senador
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) foi incisivo quanto à gravidade da suspeita e
afirmou que protocolará um requerimento para convidar, ainda, o presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF) e do CNJ, ministro Joaquim Barbosa, assim como o
corregedor do conselho e ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Francisco Falcão. Também devem ser chamados os demais envolvidos.
"Deve
haver uma resposta formal, institucional, por parte do CNJ, com um tema de
profunda gravidade como esse", disse. De acordo com o senador do Psol do
Amapá, cabe à CCJ, como a instância da Casa que sabatina os conselheiros do CNJ
quando da indicação, averiguar o caso, tornado ainda mais grave pelo fato de
envolver a instância de controle do Judiciário.
Ex-membro
do Ministério Público (MP), o senador Pedro Taques (PDT-MT) afirmou acreditar
que, por ora, um esclarecimento por escrito de Barbosa é suficiente. "É
preciso avaliar primeiro o que ocorreu antes de chamar qualquer pessoa para
falar aqui." Taques protocolará um requerimento pedindo a ele que
apresente, por escrito, explicações do ocorrido no CNJ. "A partir desses
esclarecimentos, então, poderemos analisar a necessidade de ouvir as
partes.", disse.
Como de
praxe, assim que protocolados, os requerimentos serão lidos pelo presidente, o
senador Vital do Rego (PMDB-PB), o que deve causar a discussão da matéria. No
entanto, a votação ocorre apenas na outra semana, daqui a 12 dias. O
procedimento foi confirmado nesta quinta-feira por Vital do Rego, que afirmou
não poder atestar a gravidade da matéria antes de ouvir os envolvidos. "A
comissão tem de dar palavra às partes para tomar um tipo de iniciativa. Mas a
reportagem merece uma análise profunda dos fatos", admitiu.
Julgamentos.
Embora caiba ao Senado sabatinar os conselheiros do CNJ, o afastamento deles
não compete à Casa. Segundo o regimento interno do conselho, os conselheiros só
podem ser afastados caso respondam a processos disciplinares. "Acolhida à
instauração de processo disciplinar, ou
no curso dele, o plenário do CNJ poderá, motivadamente e por maioria absoluta
de seus membros, afastar o magistrado ou servidor das suas funções."
Ao Senado
cabe, segundo o artigo 52 da Constituição Federal destaca no parágrafo 2.º,
"processar e julgar (...) os membros do Conselho Nacional de Justiça nos
crimes de responsabilidade", aqueles, dentre outros, em que não há o
cumprimento da decisão judiciária. Os senadores destacaram, porém, que ainda
não é possível atestar se houve esse tipo de conduta por parte de Hélio. Por Débora Álvares, 21/03/2013,
estadao.com.br.
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