Publicação do resultado do julgamento só deve
ocorrer após liberação dos votos dos ministros que participaram da apreciação.
BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF)
descumpriu o prazo para publicar oficialmente a decisão sobre o processo do
mensalão. Essa falta de obediência ao prazo poderá causar um atraso no início
do cumprimento das penas impostas aos 25 condenados por envolvimento com o
esquema de compra de votos no Congresso durante o governo do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Apenas após a publicação da decisão, o Ministério
Público Federal (MPF) e os 25 réus considerados culpados poderão recorrer.
Somente depois do julgamento desses eventuais recursos, os réus deverão começar
a cumprir as pena. Com isso, é muito difícil que prisões de condenados ocorram
até julho, como afirmou o presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa, em
final de fevereiro.
A publicação do resultado do julgamento só deverá
ocorrer após a liberação dos votos de todos os ministros que participaram da
apreciação, que durou quatro meses e meio e terminou em dezembro. No entanto,
até às 19 horas desta segunda-feira, 1, os ministros Celso de Mello e Dias
Toffoli não tinham concluído a revisão dos votos. Mas, de acordo com
informações do STF, Toffoli deveria terminar o trabalho na noite desta
segunda-feira e a expectativa era de que Mello finalizasse ainda nesta semana.
A demora na publicação indica que dificilmente os
condenados por participar do mensalão iniciarão neste ano o cumprimento das
penas impostas pelo STF. Entre os réus considerados culpados, estão o
ex-deputado José Dirceu (PT-SP) e os deputados José Genoino (PT-SP) e João
Paulo Cunha (PT-SP).
O fato de o Supremo ter descumprido o prazo regimental
de 60 dias para publicação do resultado do julgamento não tem implicações para
o tribunal. Interrompido durante o período de recesso, em janeiro, esse prazo
terminou nesta segunda-feira. Além do atraso decorrente da demora para publicar
a decisão, condenados tentam dilatar os prazo para apresentação de recursos.
Relator do processo do mensalão e presidente do Supremo, Barbosa rejeitou um
pedido dos advogados de um dos réus, o empresário Ramon Hollerbach, para que
fosse dado mais tempo para apresentação de recursos.
Nesta segunda-feira, a defesa do condenado
protocolou um novo pedido para que o requerimento seja analisado pelo plenário
do STF. O prazo legal para os réus recorrerem da decisão é de cinco dias após a
publicação. Hollequer ampliar para pelo menos 30 dias. Para tanto, alegou que o
processo é excepcional.
Ao rejeitar na semana passada o primeiro pedido,
Barbosa observou que as sessões do julgamento do mensalão foram públicas e
transmitidas pela TV Justiça. "Disso, decorre a inegável conclusão de que,
embora o acórdão (a decisão) ainda não tenha sido publicado, o seu conteúdo já
é do conhecimento de todos", concluiu o ministro. "As partes que,
eventualmente, pretendam opor embargos de declaração, já poderiam tê-los
preparado (ou iniciado a sua preparação) desde o final do ano passado, quando o
julgamento se encerrou". Por Mariângela Gallucci, 01/04/2013,
estadao.com.br
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