Por
Rogério Mendelski, 20/04/2014, www.radioguaiba.com.br.
Um amigo falecido dez anos atrás sempre me dizia
que o “melhor” da corrupção brasileira não estava nas titularidades
ministeriais ou nas secretárias estaduais, mas nos pontos-chave dessas Pastas
de nossa administração pública (União, estados e municípios). Ele dizia também
que a corrupção se aperfeiçoava na velocidade de um guepardo enquanto a
repressão andava como um cágado e era essa metodologia do assalto aos cofres
públicos que “construía” fortunas intocadas até mesmo pela Receita Federal. O
laranjal de empresas fantasma, de CPFs falsos eram ancoradouros seguros para
quem planejasse enriquecer na súcia entre corruptos e corruptores. Ele me
contou que certa vez um conhecido seu foi convidado para ser secretário de
Estado pelo governador que acabara de assumir e a resposta veio de pronto: “Se
tu és meu amigo como dizes me nomeia, para diretor de compras daquela estatal
que eu fico rico e tu também!”. Claro está que o governador riu e mudou de
assunto para não perder o amigo. Mas isso aconteceu há muitos anos e hoje
parece que o organograma de rapinagem do dinheiro público está assentado exatamente,
nesses postos-chaves da administração, ou seja, ela federal, seja estadual, ou
seja, municipal. A corrupção brasileira tornou-se uma instituição nacional como
dizia o personagem Justo Veríssimo, criação genial de Chico Anísio, e o seu
bordão é o que tem norteado os corruptos tupiniquins – “Eu quero é me arrumar!”.
Eu me lembrei desse amigo que já se foi quando li a ação deletérica do ex-diretor
da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal. PRC era ligação
dos corruptos e corruptores que assaltaram a nossa maior empresa pública e
tinha em sua casa uma contabilidade paralela com nomes, contatos e destinação
do dinheiro surrupiado. Na mesma agenda, PRC, talvez desfrutando da tradicional
impunidade associada à audácia do estelionatário nacional, registrou frases de
Millôr Fernandes sobre a corrupção. Meu amigo achava que a suprema corrupção
seria alguém chegar à Casa da Moeda para fazer tiragem extras de notas de R$
100. Santa ingenuidade! Ele não conhecia os “malfeitos pontuais” – no dizer da presidente
Dilma – da Petrobras...
Ineficiência
e corrupção (1)
O portal do Jornal O
Estado e Minas (em.com.br) publicou em 20/08/2013, um levantamento da corrupção
e da ineficiência do serviço público e o resultado de sua pesquisa é
assustador: o Brasil joga pelo ralo R$ 1 trilhão por ano com essa parceria
deletéria.
Ineficiência
e corrupção (2)
O desvio de verbas públicas
em todos os níveis administrativos registra um valor de R$ 70 bilhões todos os
anos. No entanto bem mais que a corrupção é a ineficiência dos serviços
públicos que torra o dinheiro do cidadão brasileiro.
Ineficiência
e corrupção (3)
O impacto econômico
dos acidentes de trânsito no Brasil, com uma média de 50 mil mortos por ano,
atinge a soma de R$ 24,6 bilhões. Já a perda de receitas pela deficiente
infraestrutura logística do país (portos, aeroportos, rodovias e ferrovias) vai
a R$ 195,7 bilhões.
Ineficiência
e corrupção (4)
O desperdício tem um
espaço reservado no chamado Custo Brasil. As empresas encarregadas dos serviços
de água e esgoto estimam um prejuízo anual de R$ 13 bilhões e as falhas do
sistema de transmissão de energia elétrica causam uma brecha no faturamento de
R$ 15 bilhões.
Ineficiência
e Corrupção (5)
O setor de
abastecimento nacional não fica para trás quando se somam os prejuízos. O
desperdício de alimentos no lixo é de 26,3 milhões de toneladas e as safras por
falta de escoamento causam um prejuízo de R$ 2,7 bilhões.
Ineficiência
e corrupção (6)
A burocracia faz as
empresas perderem 2,6 mil horas PR ano na papelada exigida pelo sistema legal
brasileiro. Já o mercado informal cada vez mais crescente no país causa um prejuízo
de R$ 700 bilhões aos órgãos arrecadadores. É a soma de todas essas mazelas que
leva o Brasil a desperdiçar R$ 1 trilhão por ano.