Gilmar Mendes faria um favor a si mesmo e, sobretudo, ao país se
tratasse de marcar encontros com princípios abandonados em algum lugar do
passado
Por Augusto
Nunes, 10/06/2017,
www.veja.com.br
“Recuso o
papel de coveiro de prova viva”, resumiu o ministro Herman Benjamin no fecho do
monumento à verdade que ergueu em meio às ruínas da Justiça. “Posso até
participar do velório, mas não carrego o caixão”, completou o relator do
julgamento da chapa Dilma - Temer no Tribunal Superior Eleitoral.
Com o apoio de dois ministros do Supremo Tribunal
Federal, indiferente a provocações, apartes impertinentes, risos debochados e
sussurros cafajestes, Benjamin acabara de devassar com comovente altivez a
catacumba repleta de canalhices protagonizadas pela dupla que fez o diabo para
ganhar a eleição de 2014.
Ele soube desde a primeira linha da surdez obscena
do trio de súditos afinado com o solista no comando. Mas entendeu que precisava
mostrar a milhões de brasileiros o que seria enterrado nesta sexta-feira. E
deixar claro que ainda há juízes mesmo em tribunais infestados de espertalhões
e sabujos trajando togas puídas nos fundilhos.
O que falta é mais gente decidida a avisar nas
ruas, aos berros, que o Brasil decente não se deixará intimidar pelos poderosos
patifes que teimam em obstruir os caminhos da Lava Jato. Refiro-me à verdadeira
Lava Jato, representada por Sérgio Moro, não à caricatura parida em Brasília
por Rodrigo Janot.
A gargalhada de Gilmar Mendes na primeira página da
Folha deste sábado comunica que o nada santo padroeiro de amigos em
apuros continuará tentando marcar encontros com o que chama de “prisões
alongadas ocorridas em Curitiba”. Faria um favor a si mesmo e, sobretudo, ao
país se marcasse encontros com princípios e valores abandonados em algum lugar
do passado. Quase todos podem ser localizados no histórico voto de Herman
Benjamin.
Não será difícil ao atarefado Gilmar Mendes achar
tempo para a tentativa de reencontrar a Lei, a Verdade e a Justiça. Basta
suspender por algumas semanas encontros com bandidos de estimação e com agentes
funerários especializados no sepultamento de provas do crime.
Comentários
Marco Peres
Será que esse comentário chega até ele?
Mauro Pereira
Caro Augusto Nunes, Gilmar Mendes jogou a última pá de
excremento no que restava de confiabilidade na Justiça brasileira. Brasil virou
terra ninguém, digna representante maior das republiquetas terceiro-mundistas
que devastam a América Latrina. Peço encarecidamente àquele que sair por
último; pelo futuro deste pobre país rico, acenda a luz
Fabinho Cabelinho
Até que ponto o ministro chegou gente que isso, é vergonhoso,
péssimo ministro advogado dos corruptos esse é o verdadeiro emprego do Gilmar,
realmente ele foi longe demais com esse julgamento arrumado que vergonha
Gilberto Mendes
O JUDICIÁRIO BRASILEIRO está falido há muito tempo, EXCEÇÃO é
Moro, o resto, é resto. É por isso que o Brasil nunca ALCANÇA o pleno
desenvolvimento. Estamos eternamente em CRISE.
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