Os depoimentos dos 78 executivos e ex da Odebrecht jogam no pântano a
pretensão de Lula a ser o brasileiro mais honesto de todos os tempos
Por Augusto
Nunes, 19/04/2017,
www.veja.com.br
Texto de José Nêumanne publicado no Estadão
Para qualquer sindicalista, da direção ou da base,
que militasse nos anos 70 no movimento operário, a mais forte condenação feita
a um adversário era chamá-lo de pelego. Afinal, de acordo com o Dicionário
Houaiss, a palavra designa “agente disfarçado do governo que procura agir
politicamente nos sindicatos”. O sentido original do termo remete à “pele de
carneiro com a lã, colocada sobre os arreios para tornar o assento do cavaleiro
mais confortável”. Ou, por extensão, “indivíduo servil e bajulador, capacho,
puxa-saco”.
Dificilmente alguém que conhecesse, então, a fama
de Luiz Inácio da Silva, o Lula, eleito presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (hoje do ABC) em 1975 com 92%
dos votos e principal líder das greves da categoria na virada dos 70 para os 80
do século 20, o desqualificaria dessa forma. Afinal, foi eleito com o apoio do
então presidente Paulo Vidal, fundador do chamado sindicalismo autêntico,
contra os pelegos comprometidos com a máquina estatal desde o Estado Novo e
seus adversários comunistas, leais à linha moscovita do marxismo-leninismo.
Reeleito por força própria em 1978, também com quase a unanimidade de votos,
construiu sua biografia alheio à herança populista de Getúlio e com fama de
líder operário que não dava trégua ao patronato.
Dá, portanto, para imaginar o espanto nacional ao
ver e ouvir, no último fim de semana, de um dos mais poderosos e agora
sabidamente corruptos e corruptores burgueses brasileiros, Emílio Odebrecht,
“patriarca” da empreiteira herdada do pai, Norberto, e passada para o filho,
Marcelo, que a empresa lhe pagou propina sistemática (por isso, corruptora)
nestes últimos 37 anos. Com dinheiro furtado da Petrobrás e de outras estatais
(daí, corrupta), a construtora contratada para prestar serviços financiou
campanhas eleitorais do ex-dirigente sindical nas disputas políticas para
presidente da República. Isso após haver conseguido os favores dele na condução
de greves da categoria em seu Estado, a Bahia.
À noite, em redes nacionais de televisão, de manhã
nas edições dos jornais e ao longo de todo o dia nas emissoras de rádio, o
empreiteiro bilionário contou um caso de assustar todos os brasileiros. “Foi
uma greve que estava perdurando, com problemas seriíssimos. E eu sei que ele
não só me ajudou, como criou uma relação diferenciada com o sindicato na área
da Bahia, do petroquímico em particular. Isso, para nós, foi importante, tendo
em vista o crescimento do petroquímico e tal. Então, você tem um processo de
convívio com ele, quase que institucional. De quando em quando, duas, três,
quatro vezes… talvez até em determinados anos mais”, disse Emílio Odebrecht
literalmente, sem tugir nem mugir.
Brasileiros de todas as regiões, fés religiosas,
idades e convicções políticas têm sido informados “noturna e diuturnamente”,
como diria sua discípula favorita e sucessora, Dilma Rousseff, de que para
manter o seu Partido dos Trabalhadores (PT) no governo o herói proletário
permitira o diabo sob sua gestão. E não apenas para ganhar eleições, mas para
ficar no poder. Sob sua égide, a referida senhora e seu vice, Michel Temer,
protagonizaram a maior fraude eleitoral da História, que está sob julgamento no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E pelo que foi apurado até agora dá para
perceber que, nos três mandatos e meio dos petistas, nenhum cofre da República
ficou incólume: todos foram esvaziados.
O delegado Romeu Tuma Jr., filho do homônimo
ex-diretor do Dops e da Polícia Federal, revelou em seu livro Assassinato de
reputações (Topbooks, 2013) que o mais popular líder político da História
do País foi informante de seu pai nos movimentos sindicais. Pode até não ser
verdade. Só que até agora ninguém desmentiu oficialmente os argumentos usados
pelo policial, ex-secretário de Segurança do Ministério da Justiça no primeiro
mandato do indigitado.
Os depoimentos dos 78 executivos e ex da Odebrecht,
já chamados de delação do fim do mundo e agora também do mundo todo, de vez que
abrangem todo o espectro ideológico e político do País, trazem novas
informações e documentos que jogam no pântano sua pretensão a ser o brasileiro
mais honesto de todos os tempos. E conforme foi revelado agora se constata seu
papel de “pelego enrustido” (apud Houaiss, dissimulado), eis que sempre atuou a
serviço daqueles que publicamente execrava nas assembléias, nos palanques, nos
meios de comunicação e nos pronunciamentos oficiais. Emílio contou que a
Odebrecht participou da redação do documento mais importante da campanha
histórica que levou ao poder pela primeira vez na História do Brasil um operário
braçal, ele próprio: a Carta ao Povo Brasileiro.
E não ficou nisso. No livro O que Sei de Lula
(Top books, 2011), registrei a versão muito comum, disseminada por empresários
que conviveram com um dos ideólogos do golpe militar de 1964, o general Golbery
do Couto e Silva, de que o metalúrgico teve a carreira apadrinhada por este.
Fê-lo para evitar que seu inimigo, Leonel Brizola, encampasse os sindicatos de
esquerda na redemocratização. Emílio Odebrecht contou o seguinte: “Eu fui pedir
ajuda ao Golbery, conversar essas coisas todas para lhe pedir uma orientação e
na conversa vai, conversa vem, vem o negócio de Lula. E ele chegou e fez um
negócio que me marcou. ‘Emílio, Lula não tem nada de esquerda’. Foi-lhe, então,
perguntado: ‘Nada de esquerda’? E Emílio explicou: ‘Nada de esquerda. Ele é um bon-vivant.
Olha, e é verdade. Ele gosta da vida boa’”. Pois é.
Réu em cinco processos na Justiça e alvo de mais
seis petições remetidas pelo relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, a
várias varas da primeira instância, Lula já tem problemas de sobra para
enfrentar. Só faltava a revelação de que o herói da classe trabalhadora nunca
passou de um pelego enrustido, alugado pela corrupta burguesia nacional.
Comentários
VPB
Excelente texto Nêumanne, as pessoas que acompanham política
sempre soube desses fatos, porém, faltavam às provas e, agora com a delação do
patriarca da corrupção, apareceram! Lulla sempre foi e sempre será um mal
caráter!
Adilson Nagamine
Pelego? Dedo duro do general Golbery. Não faça do microondas
uma arma. Adilson Nagamine
Isa
Maravilha de artigo! Coloca o Lula em seu devido lugar: o de
explorador de ideologias e do povo, e, com isso, viver um vidão de opulências e
poder. Ojeriza desse indecente com olhar de cachaceiro.
Sonia Fausta Tavares
Monteiro
Realmente de assustar: traidor da classe operária, que fingia
representar e defender; traidor de grande parte da população, que nele votou; e
traidor da pátria, de modo geral, quando investiu contra todos os princípios
éticos e morais, atribuíveis a um chefe de Estado, para obter vantagens
pessoais!
Mil vezes vergonhoso!!!
Mil vezes vergonhoso!!!
Davi AHS
“Ele é um bon-vivant.”. Traduzindo, o Golbery disse: “Ele
topa qualquer parada pra se dar bem”. Aquele dedo a menos já devia fazer
acender uma luz de alerta pra todo mundo. Mas, Lula foi usado pela esquerda
para chegar ao poder, e esta, lá chegando, quase destruiu o país com sua
pequenez moral.
Silvando
Belíssimo texto deveria ser leitura obrigatória em todos
ambientes para demonstrar que: salvadores da pátria e endeusados nunca existiu
e nunca existirá.
Jose Carlos
É claro que, como de costume, lulladrão vai dizer q é tudo
mentira; calunias, etc., etc. etc. Esse cara é o maior lixo já produzido pela política,é
uma ofensa ao povo brasileiro,ter tido um personagem desses como seu
presidente.
Paraense
Poxa Nêumanne.
Não estive na conversa com o Golbery, mas desde o mensalão
escrevo que Lula não é esquerda, direita, centro, nem lugar nenhum. Lula se
resolve em uma palavra ou duas.
OPORTUNISTA e FARSANTE - Não necessariamente nessa ordem.
Abc.
Abc.
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