A contabilidade oficial da chapa estava recheada de falsidades. E o TSE
sabia disso duas semanas antes de diplomar a dupla vitoriosa nas urnas
Por Augusto
Nunes, 06/06/2017,
www.veja.com.br
Texto de José Casado Publicado no Globo
O Tribunal Superior Eleitoral retoma hoje o
julgamento da nulidade da eleição de Dilma Rousseff e Michel Temer, por abuso
de poder econômico na campanha de 2014.
Já se passaram 29 meses da abertura desse processo,
um ano da deposição de Dilma por crimes de responsabilidade e se prevê para
breve uma denúncia contra Temer por delitos em série no exercício do mandato —
de prevaricação à corrupção. Os prejuízos da confusão política são
imensuráveis, a expressão matemática de um deles é a soma de 14 milhões de desempregados
nas cidades.
A eloqüência dos fatos já revelados conduz a uma
certeza: não há inocentes na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
A começar pelo Judiciário. Sua face eleitoral está
no TSE. Instalado em majestosa sede de 111 mil metros quadrados, o tribunal é
um monumento orçamentário de R$ 1,2 bilhão ao ano, onde se gastam R$ 360 mil
por ano apenas na gerência da compras de combustível para a frota.
Sua função básica é o controle e a fiscalização das
contas de candidatos e partidos, mas em 2014 não enxergou uma fraude de 56% (R$
196 milhões) nas contas da chapa Dilma -Temer.
Nem viu um gasto “extra” de R$ 71 milhões da JBS e
da Odebrecht na compra de partidos e construção da coligação que deu ao PT-PMDB
de Dilma e Temer tempo 30% maior que o dos adversários no rádio e na televisão.
A JBS já confessou ter usado ilegalmente outros R$
20 milhões para comprar a coligação do PSDB de Aécio Neves. Coligações
eleitorais, vale lembrar, foram vetadas pelo Congresso, mas acabaram
ressuscitadas pelo Supremo Tribunal Federal, que mantém seis dos seus 11 juízes
em atividade permanente na Justiça Eleitoral.
Pode-se argumentar que a maior parte das fraudes
realizadas por Dilma - Temer era de difícil percepção, pela natureza dos crimes
de corrupção, sem uma profunda investigação como a realizada nos últimos 29
meses, agora exposta em mais de 8.500 páginas do processo.
No entanto, a contabilidade oficial da chapa
PT-PMDB estava recheada de falsidades. E o TSE sabia disso desde a quinta-feira
4 de dezembro, duas semanas antes de diplomar a dupla vitoriosa nas urnas, por
relatórios apresentados pelo Banco Central, Tribunal de Contas da União e
Receita Federal.
Eles alertaram para registros de doações acima do
limite legal de empresas como Partner Gráfica, Saepar Serviços, Solar BR
Participações, Ponto Veículos, Gerdau Aços Especiais e Minerações Brasileiras
Reunidas, entre outras. Avisaram, também, sobre casos como o da Vale Energia
que doou quantia milionária, duas vezes e meia acima do seu capital social
registrado. Chamaram a atenção, enfim, para situações como a da Rio Tibagi
Serviços, que aportou meio milhão de reais sem possuir, segundo o Tribunal de
Contas, registros básicos como “capital social e faturamento bruto”.
O julgamento das contas Dilma - Temer é importante,
independentemente do desfecho, porque resume a leniência institucional com a
liquefação da política brasileira. Deveria servir de marco à refundação da
Justiça Eleitoral. Caso contrário, continuará no papel de cartório a que foi
reduzida por 2.244 políticos, beneficiários de propinas e subornos disfarçados
de doações eleitorais em jogos de poder bancados por grupos como Odebrecht e
JBS.
Comentários
Dalton Bittencourt
Ferreira
TSE eh uma escandalosa ostentação e desperdício. Ainda pior
eh o TCU que nada desconfiou da roubalheira na Petrobras e no BNDES. O
congresso nacional nem se fala, fabricavam CPI pra extorquir ainda mais. Pobre
Brasil.
Wilson de Souza lima
O julgamento desta semana pode ser definido, sem nenhum medo,
como LAVAGEM DE ROUPA SUJA, pois está ocorrendo no prédio que, infelizmente,
tem funcionado como a maior LAVANDERIA do Brasil e, certamente, do mundo.
Osmar Serragem
Como esperar solução de quem é o problema? O TSE é o
problema! Que país do Mundo tem esta jabuticaba? Justiça Eleitoral… Ora bolas...
Um gigantismo grandiloqüente e paquidérmico… Tribunal Superior Eleitoral…
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