A hora é essa, procuradores! Comemorem os três anos da Lava Jato
mergulhando fundo no BNDES
Por
Guilherme Fiuza, 23/03/2017,
www.época.com.br
O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo
declarou à Lava Jato que caixa dois no Brasil “é cultural”. Se é para falar de
cultura, cabe um adendo: o maior fenômeno cultural brasileiro hoje, disparado,
é ainda haver integrantes do bando à solta e falando pelos cotovelos. Na Suíça,
numa boa, Dilma Rousseff
ridicularizou os brasileiros discursando em francês de padaria. A Interpol deve
estar em greve.
O ridículo não está no vexame – que é a
especialidade da casa. Os brasileiros foram ridicularizados, mais uma vez, pelo
crime que compensa: esfolou o país e saiu pelo mundo contando história triste
(às gargalhadas). No Brasil, Lula anunciou que vai “andar pelo país alertando [sobre] o que está em jogo”.
Não se sabe o que está em jogo, fora a necessidade urgente de substituir o jatinho
da Odebrecht.
Procuradores celebram os três anos da Lava Jato,
ostentando os números impressionantes da operação. Parabéns. Mas cumpre avisar:
se não for até onde tem de ir, a Lava Jato vai morrer na praia.
Lula e Dilma à solta – inocentes e perseguidos – é a legitimação da narrativa: corrupção no Brasil é um problema “endêmico, disseminado, cultural etc.” – enfim, todos esses conceitos que irmanam filósofos bonzinhos e assaltantes partidários. E aliviam, delicadamente, os governos Lula e Dilma: os políticos sempre roubaram, a diferença é que agora foram pegos. Se não bastar, tem a sobremesa: Sergio Moro é fascista e odeia o PT. No cafezinho, a lista do companheiro Janot, que iguala todo mundo (e deveria ser encabeçada pelo próprio).
Lula e Dilma à solta – inocentes e perseguidos – é a legitimação da narrativa: corrupção no Brasil é um problema “endêmico, disseminado, cultural etc.” – enfim, todos esses conceitos que irmanam filósofos bonzinhos e assaltantes partidários. E aliviam, delicadamente, os governos Lula e Dilma: os políticos sempre roubaram, a diferença é que agora foram pegos. Se não bastar, tem a sobremesa: Sergio Moro é fascista e odeia o PT. No cafezinho, a lista do companheiro Janot, que iguala todo mundo (e deveria ser encabeçada pelo próprio).
Pronto. Levanta, sacode a propina
e dá a volta por cima (enredo 2018).
Triplex, Atibaia, OAS/Granero, Odebrecht/Instituto
Lula, Pasadena/Cerveró, Bessias/Delcídio, Schahin/Bumlai, Vaccari/Focal – a
torrente de escândalos dentro do escândalo parece telenovela: é preciso sempre
um próximo capítulo para manter a audiência. É claro que se não fosse o
trabalho incansável da bancada petista no Supremo, com o auxílio luxuoso do
companheiro Janot e outros áulicos na órbita de Cardozo, o ministro cultural,
Lula e Dilma já estariam em cana há muito tempo. Agora, o novo capítulo capaz
de esquentar novamente a novela se chama BNDES.
Está mais do que evidente que o bilionário banco
público foi usado, com pesado tráfico de influência palaciano, para irrigar o
esquema. Lula inclusive é réu num dos casos envolvendo financiamento do BNDES a
obras da Odebrecht no exterior. Mas eis que surge a denúncia de golpe: manobras
políticas estariam barrando o trabalho dos integrantes do Tribunal de Contas da
União responsáveis pela investigação das operações do banco. Com todo o
respeito, isso é uma piada.
Não que o TCU não tenha competência para fazer esse
trabalho. O órgão teve seu papel na identificação das pedaladas que embasaram o
impeachment. Mas, sem tração política forte, o TCU é um barquinho de papel na
tempestade. O relatório das pedaladas não naufragou porque, em dado momento,
conseguiu-se levar os olhos do Brasil inteiro para dentro do Tribunal de Contas.
Vamos falar sério: para quebrar a muralha de escândalos do BNDES, só a Lava
Jato.
O banco está agora nas mãos respeitáveis de Maria Silvia Bastos Marques – que não está interessada em
caça às bruxas, mas não obstruirá nenhuma ação que vise depurar a instituição.
É uma presidente com espírito público mais do que comprovado numa carreira
impecável. A hora é essa, prezados gladiadores da força-tarefa! Comemorem os
três anos da Lava Jato mergulhando fundo no BNDES. As cifras voadoras ali
prometem transformar o petrolão em esmola.
Até a cobertura de Lula que não é de Lula, em São
Bernardo, já foi seqüestrada pela Justiça – e não parece haver enredo podre que
impeça o filho do Brasil de desfilar por aí como candidato a presidente.
Enquanto o totem dos coitados profissionais não for derrubado, o caminho para
2018 estará aberto aos que vivem desse truque – incluindo Dilma e os genéricos
(Marina, PSOL, Ciro Gomes, Requião e demais integrantes da grande Família Adams
brasileira).
Adendo cultural: nos próximos anos, você vai ajudar
a pagar uma dívida de R$ 200 bilhões só na conta de luz. Procure saber. O que
você já sabe é que esse populismo
coitado não precisa nem de crime para te roubar.
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