Temer insiste em prorrogar o prazo de validade de um governo que acabou
Por Augusto
Nunes, 01/06/2017,
www.veja.com.br
Na próxima semana, o Tribunal Superior Eleitoral
começará a encenar o desfecho da ação movida pelo PSDB contra a chapa formada
em 2014 por Dilma Rousseff e Michel Temer ─ um faroeste à brasileira escrito,
produzido, dirigido e protagonizado exclusivamente por vilões. Não há mocinhos
nesse filme que começou logo depois da última eleição presidencial, quando o
senador Aécio Neves teve a idéia de pedir a cassação da dobradinha vitoriosa, e
se aproxima do final felizmente infeliz. Todos os protagonistas sairão perdendo.
O país que presta será o vencedor.
Aécio recorreu à Justiça não por sentir-se vítima
de práticas ilegais, nem por acreditar que o resultado fora fraudado: como
revelou na conversa gravada por Joesley Batista, queria apenas encher o saco
daquela gente que não parava de sacaneá-lo. A molecagem que deu no que deu.
Neste começo de junho, Aécio está com o mandato de senador suspenso, corre o
risco de ser alojado na gaiola e condenou-se à morte política. Descansará num
jazigo semelhante ao que abriga Dilma Rousseff, despejada do Planalto pelo
impeachment.
Os adversários que duelaram há dois anos e meio
logo terão a companhia de Michel Temer. Antes das delações da Odebrecht e
da JBS, o presidente hoje agonizante argumentava que não fazia sentido ser
castigado pelo que fizera a parceira de chapa. Depois dos espantos deste outono
inverossímil, está claro que o prontuário do vice só não superou em quantidade
e qualidade a notável folha corrida de Dilma e a imbatível capivara de Lula.
Este sim fez o diabo para desfrutar do poder durante 13 anos, cinco dos quais
fazendo de conta que o país era governado pelo poste que fabricou.
Temer teima em prorrogar o prazo de validade de um
governo que acabou. Todos os brasileiros sabem que trava uma batalha perdida ─
com exceção dos bebês de colo, das tribos isoladas na selva amazônica, dos
doidos de hospício, da família Temer e, claro, do ministro Gilmar Mendes. O
Brasil nunca foi para amadores. Começa a tornar-se indecifrável para
profissionais.
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