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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Lógica Americana (Fonte: CP 29/12/2012).

Existem muitas lógicas. É lógico. Sempre me lembro de um grande professor de filosofia falando em lógicas paraconsistentes. Não entrarei na matéria para não atrapalhar as festas de fim do ano, leitor. Ficarei na lógica americana. Dela, tentarei derivar certas lógicas brasileiras. Por exemplo, a lógica tucana, a lógica do Dem. a lógica petista e a lógica peemedebista. Nos Estados Unidos, depois de um massacre de inocentes facilitado pelo acesso liberado à compra de todo tipo de armas, os cidadãos reagem com indignação e velocidade: - Adquirindo mais armas. Outro dia, no “Esfera Pública”, que apresento com a Taline na Rádio Guaíba (13h), recebemos o senador tucano Álvaro Dias. Ficamos impressionados. Elegante, bom de verbo, impiedoso. Detonou os corruptos petistas com a fúria de um serial-killer americano. Parecia um Demóstenes Torres mais preparado e certeiro na pontaria. Pois não é que em uma semana a reputação do senador foi abalada por uma saraivada de denúncias estonteantes!? - Não pagou pensão alimentícia para um filho de relação extraconjugal. Está sendo questionado sobre a venda de cinco casas em Brasília no valor exorbitante, para um simples senador, de R$ 16 milhões. Foi autuado pela Receita Federal, onde coleciona oito processos, por irregularidades que permanecem estranhas aos eleitores. Deve ser a lógica americana: quanto mais rolo, mais armamentos. Quanto mais se esconde, mais se atira. Era assim com Demóstenes Torres. Álvaro Dias, até agora, respondeu altivamente com uma frase que costuma condenar quando dita por petistas: “Estou sendo chantageado. E luta política”. Todo acusado responde com um esclarecedor “é intriga a oposição”. A lógica partidária brasileira é especial. Quase todo peemedebista é um tucano enrustido sem coragem de voar para a oposição frontal ao governo federal por medo de perder espaço na zona de conforto dos cargos de primeiro e segundo escalões sem precisar concorrer à Presidência da República. A lógica petista é mais simples: “Quando acusamos os outros, não exigimos provas. Quando somos acusados, não abrimos mão delas”. O Dem. expulsa seus corruptos com a mesma rapidez que eles se reproduzem. O PT os protege com a mesma indignação. Foi um ano de lógica americana e balzaquiana (para Balzac, era uma denúncia): O STF entrou na onda da oposição (qualquer oposição), da mídia e do Ministério Público (parceiros constantes e necessários, mas com tendências ao espalhafato, de babados quentes) e passou a considerar que “tudo o que é verossímil é verdadeiro”. Um amigo me explicou que o STF sabe muito bem que a última palavra na cassação de parlamentares é do parlamento. Mas decidiu pelo contrário por uma lógica consistente: os acusados teriam, nas suas casas legislativas, direito à defesa com cobertura de mídia. Julgariam o julgamento. - Jogariam material fecal no ventilador. A política brasileira, como se pode ver, segue rigorosamente as regras da lógica americana. Depois de um massacre, cada um se defende com medidas inquestionáveis: - Adquirindo mais armas. Juremir Machado da Silva, CP.

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