Minha solidariedade aos familiares das vítimas da
tragédia em Santa Maria. E minha indignação. O tamanho da fúria ao assistir as
imagens mostradas pela televisão e ouvir os depoimentos de quem se salvou da
danceteria transformada em crematório na madrugada de domingo só faz aumentar
ao lembrar que vivemos no Brasil da impunidade, do jeitinho.
Li,
estupefato, que as autoridades buscavam pelos responsáveis. Não seriam os
irresponsáveis? A imagem de um pai, de uma mãe, de um irmão de uma das tantas
vítimas de Santa Maria provoca comoção, perturbação emocional, leva às
lágrimas. Já o discurso das autoridades fiscalizadoras associado ao noticiário
provoca outro sentimento, o de revolta, indignação.
Quem
permite ou deveria impedir que se encurralassem dois mil jovens num recinto
quase sem saída? Quem permite ou deveria impedir que se usasse sinalizador em
local tão inflamável? Leio que um cantor tentou apagar fogo, mas o extintor
falhou. Quem faz ou fez a vistoria nos extintores? Se alguns seguranças
trancaram a saída das pessoas que estavam no local, presumo que estes não
usavam walkie talkie. Neste caso, como encurralar duas mil pessoas num recinto
praticamente todo fechado e de material inflamável sem que todos os seguranças
tivessem comunicação entre eles?
Se
o senhor é pai de jovens, como eu, deve estar se perguntando quantos
recintos/crematórios estão abertos por aí com seus fornos aguardando uma nova
tragédia. E se o senhor é pai de jovens, como eu, deve estar transtornado
diante da impotência. Colocar quem nós amamos numa redoma é impossível,
inviável. Confiar em quem deveria atuar na fiscalização rigorosa, também. É
desalentador.
É
de um desalento de vergar. Nos próximos dias, ou meses, assistiremos outro
espetáculo pirotécnico, o das pomposas medidas paliativas. Enquanto isto, a
tragédia de Santa Maria se arrastará na justiça como um insistente pesadelo,
como se já não bastasse aos familiares das vítimas sofrer o que estão sofrendo.
Por
tudo que me é mais sagrado gostaria de ser um pouco, nem que fosse um pouquinho
otimista, achar que alguma coisa irá mudar. Mas quando lembro que vivemos no Brasil
da impunidade, do jeitinho, resta pedir, como quem reza: Deus traga conforto
aos familiares que ficaram.
Hiltor Mombach,
CP – Esportes.
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