A
Polícia Federal abriu investigação para apurar uma suposta rede de espionagem
ilegal com atuação em Brasília...
A Polícia
Federal abriu investigação para apurar uma suposta rede de espionagem ilegal
com atuação em Brasília que teria políticos e autoridades entre seus alvos.
Suspeita-se que até a presidente Dilma Rousseff tenha sofrido tentativa de
bisbilhotagem do grupo, além de senadores e deputados.
As
investigações foram abertas a partir de informações e documentos entregues ao
Ministério Público Federal e ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pelo
deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), em julho passado.
Os
documentos incluem extratos de ligações telefônicas e trocas de e-mail entre
parlamentares do Congresso Nacional. Miro disse ao jornal O Estado de S. Paulo
que recolheu o material de um araponga, que se sentira ameaçado e estaria agora
sob proteção policial.
"Criou-se
na capital do País, sob os olhos dos poderes da República, uma sociedade
anônima de criminosos e violadores de dados pessoais" afirmou o deputado.
"Não há cidadão nesse País, nem mesmo a presidente, seguro da sua
privacidade e isso é muito ruim para a democracia."
Contatada,
a PF informou por meio de sua assessoria que abriu procedimento preliminar de
investigação para verificar a autenticidade dos documentos, mas não comentará
que encaminhamento deu ao caso para não atrapalhar as apurações. O órgão
confirmou que há indícios veementes de crime no material apresentado e que o
caso será apurado com rigor.
O grupo
ao qual o espião arrependido está ligado tem foco de atuação no Distrito
Federal, voltado para autoridades do governo local. Mas o material entregue por
ele inclui aparentes extratos de ligações e de e-mails de parlamentares
federais, como o senador Blairo Maggi (PR-MT), o deputado Carlos Alberto Leréia
(PSDB-GO) e o ex-senador Demóstenes Torres, cassado por envolvimento com o
esquema de corrupção e exploração de jogos ilegais comandado por Carlinhos
Cachoeira.
Nem a PF
ou o deputado, todavia, veem associação automática do grupo com o contraventor.
"Não sei se há conexão com o esquema do Cachoeira, pois os extratos eram
usados pela quadrilha como efeito demonstração para convencer clientes a
fecharem negócio", disse Miro.
''Mercado anárquico''
Segundo o
delegado Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, presidente da Associação dos Delegados
da Polícia Federal (ADPF), quadrilhas de arapongas atuam impunemente em
praticamente todos os Estados, fazendo espionagem industrial, bisbilhotagem
contra particulares e sobretudo dossiês contra políticos. "É um mercado
totalmente anárquico, sem fiscalização ou controle, exercido muitas vezes por
profissionais sem qualificação ou compromisso ético."
São
Paulo, maior polo empresarial do País, Brasília - sede dos Três Poderes e de
representações diplomáticas de mais de 200 nações - e Rio de Janeiro são os
principais centros de arapongagem no País, segundo a PF. A estimativa é que
esse mercado movimente mais de R$ 1 bilhão ao ano no Brasil. A última operação
da Polícia Federal relacionada a escutas ilegais foi a Durkheim, que
desmantelou em novembro, em São Paulo, uma rede de 27 espiões, entre os quais
policiais federais, civis e militares, que bisbilhotavam políticos, empresários
e magistrados.
Um
projeto de lei do deputado federal José Genoino (PT-SP), patrocinado pela
Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em fase final de tramitação na
Câmara, cria o marco regulatório do setor e estabelece as normas para exercício
da atividade de inteligência privada. Para exercê-la, o interessado terá de
fazer curso de formação de agente e precisará de autorização da Abin, que será
renovada anualmente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Por VANNILDO MENDES, 05/01/2013 -
estadao.com.br
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