Por Tânia Monteiro e Vera Rosa, colaborando
Fernando Gallo, 20/03/2013, estadão.com.br.
BRASÍLIA - O PT pretende não transformar o ato político desta
quarta-feira, 20, programado para comemorar os 10 anos do partido à frente do
governo, num desagravo aos réus do mensalão. A polêmica sobre o assunto foi
arquivada depois que os petistas resolveram "vender" as realizações
dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, com o objetivo de se
contrapor aos tucanos.
Mesmo sem citar o mensalão, o PT avalia que a estratégia servirá para a
defesa de Lula, alvo de sucessivos ataques por parte do empresário Marcos
Valério Fernandes de Souza.
O presidente do PT, Rui Falcão, disse nessa terça-feira, 19, que
petistas condenados pelo Supremo Tribunal Federal no processo do mensalão, como
o ex-ministro José Dirceu, não estarão hoje no palco da comemoração dos 10 anos
de governo petista, ao lado de Dilma e Lula.
"O palco é pequeno", justificou Falcão, ao negar a intenção de
evitar constrangimentos para o governo. "No palco só estarão os ministros,
os representantes dos partidos aliados, Paulo Okamoto, que é presidente do
Instituto Lula, Márcio Pochmann, da Fundação Perseu Abramo, eu, a presidenta e
Lula", avisou. Ex-presidente do PT, condenado pelo STF a dez anos e dez
meses de prisão, e apontado como chefe de quadrilha, Dirceu ficará entre os
demais convidados.
Falcão afirmou, ainda, que o PT não usará o ato político para lançar a
candidatura de Dilma à reeleição, em 2014. "Ela é o nosso nome e será
homologada no devido momento, no encontro do partido convocado para este
fim", avisou o deputado. Sabe-se, porém, que militantes vão ovacionar Lula
e puxar o coro do segundo mandato.
Ao ser indagado sobre por que o mensalão não foi incluído no balanço do
PT, Falcão disse que ainda há recursos em andamento e atacou a oposição.
"Nós também não fizemos menção à compra de votos no governo Fernando
Henrique. Não falamos do mensalão do PSDB de Minas. No meu discurso, vou fazer um
balanço político falando do ponto principal, que nos distingue dos
antecessores, que é o fortalecimento da democracia e a colocação do povo como
protagonista dessas mudanças", comentou. Ele disse esperar que, com os
recursos impetrados, o STF possa fazer uma "reflexão mais ampla"
sobre as penas dos petistas.
Além de Dirceu, foram condenados os deputados José Genoino (SP) e João
Paulo Cunha (PT) e o ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares.
No ato desta quarta-feira, os petistas vão distribuir uma cartilha de 15
páginas, com muitos gráficos, intitulada O decênio que mudou o Brasil. Nela,
fazem uma comparação entre os dez anos de governo do PT, que chamam de
desenvolvimentista, e os oito de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que
definiram como neoliberais. A cartilha diz que "o desastre do
neoliberalismo é contundente" e ensaia o discurso do PT para as eleições
de 2014.
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