Postado por Juremir Machado da
Silva, 23/07/2013, www.correiodopovo.com.br.
Não há como deixar de reconhecer:
o PMDB tem história.
Na ditadura, como MDB, foi a
oposição aceita pelos militares, mas conseguiu se dar uma aura de resistência
heroica dentro do regime, nas brechas do sistema, sem romper nem aderir.
O PMDB não responde à questão de
Shakespeare: ser ou não?
O PMDB é sem ser e não é sendo.
A chamada lógica aristotélica não
vale para ele. O princípio da não-contradição não o afeta. Peemedebista
contraria a lei da física: ocupa dois lugares ao mesmo tempo, especialmente se
forem dois ministérios. Mas, precisando, defende a redução dos ministérios que
brigou para ocupar.
O PMDB é um mistério para sábios
medievais, algo como o sexo dos anjos, quantos anjos cabem na cabeça de um
alfinete, numa troca de cargos ou, enfim, a quadratura do círculo.
Bastou à popularidade da
presidente Dilma Rousseff desabar para o PMDB pensar em ser oposição. No jargão
político, com a presidente em baixa e o ano eleitoral cada vez mais próximo, o
PMDB pensa em desembarcar do governo fazendo barulho de indignado contra, por
exemplo, o excesso de ministérios que ajudou a criar, ocupar, usar como
cabide de empregos e defender como patrimônio.
O PMDB, que sempre está no poder,
queixa-se de não ser ouvido, de não pesar, de não contar. Numa tradução
rasteira, fingindo que quer deixar o governo, o PMDB está pedindo, como sempre,
mais para ficar. Ou sinalizando que está aberto a negociações para sair. Quem
der mais, leva.
Como se sabe, o PMDB não se
entregou de corpo e alma para viabilizar o plebiscito defendido por Dilma
Rousseff para emplacar a reforma política, mas, segundo a Folha de S. Paulo,
está fazendo um “plebiscito” interno, no gabinete do vice-presidente Michel
Temer, com seus eleitos, para saber se cabe ou não abandonar o barco já meio
afundado do governo petista. Para isso, o ex-deputado Eliseu Padilha montou um
questionário. As respostas de hoje poderão, claro, mudar se a flecha das
pesquisas de opinião voltar a apontar o nome de Dilma acima das cabeças dos
peemedebistas.
O PMDB inventou a ruptura sem
desenlace. Assim como tem o chegar chegando, tem o sair não saindo e o ficar
não ficando. O PMDB não casa nem se separa. Fica. Vai beijando enquanto dá e
gosta.
Nada mais injusto, explica um
peemedebista que chamar o partido de fisiológico.
Não se trata disso, mas de senso
de oportunidade.
O senso de oportunidade do PMDB é
tão aguçado que até parece oportunismo.
Partido que não seja assim,
retruca a mesma fonte, que atire a primeira pedra.
Ser não sendo, eis questão.
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