Senadores
admitem que governo deva ceder em pacote!
Senadores
da base aliada envolvidos diretamente nas negociações do projeto enviado pelo
governo que unifica em...
Senadores
da base aliada envolvidos diretamente nas negociações do projeto enviado pelo governo
que unifica em 4% a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) para operações interestaduais admitem que, para aprovar a
mudança, a administração federal terá de ceder em alguns dos pontos do pacote
tributário. Parlamentares dizem que, no voto, a proposta, do jeito que está,
será derrotada no plenário do Senado. A previsão é de que a matéria seja
apreciada pelos 81 senadores em meados de abril, logo depois de votação na
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
De acordo
com um senador governista, o Poder Executivo federal terá de aceitar um de dois
caminhos. O primeiro seria manter a proposta de 4% e aumentar o valor previsto
na Medida Provisória (MP) 599/2012 em repasse dos fundos de compensação e de
desenvolvimento regional para equilibrar as contas dos governos dos Estados a
partir da alíquota única. O outro é manter no projeto a política atual de
alíquotas diferenciadas para as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e o
Espírito Santo, de um lado, e Sul e Sudeste, do outro.
Atualmente,
as três primeiras regiões e o Espírito Santo praticam 12% de ICMS e os demais
governos estaduais, 7%. O governador Renato Casagrande (PSB) foi um dos que
cobraram nesta terça-feira, em audiência pública sobre a reforma do ICMS, a
manutenção das alíquotas diferenciadas para as duas partes, com a adoção de 7%
para Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Espírito Santo, e 4% para Sul e Sudeste.
Segundo
um senador aliado do Executivo federal com acesso à cúpula do Ministério da
Fazenda, a equipe econômica não admite de forma alguma alterar o projeto de
resolução para ter duas porcentagens diferenciadas. A Fazenda está em
negociação com senadores, principalmente os petistas Walter Pinheiro (BA) e
Delcídio Amaral (MS), para encontrar meios de, pelo menos, tentar aumentar a
fatia do bolo. Foi o que defendeu na reunião desta terça-feira na CAE o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
"Não
vejo por que o governo federal gastar quase meio trilhão de reais em fundos
para deixar a coisa do jeito que está", afirmou Alckmin, em referência ao
gasto com os fundos de compensação e de desenvolvimento previstos na MP
599/2012, ao mesmo tempo em que, como defendem governadores do Centro-Oeste,
Norte e Nordeste, além de Casagrande, mantém a adoção de dois porcentuais.
Mesmo
agendada para ser votada na comissão na próxima semana, a ideia da gestão
federal, do jeito que está, conta com a divergência de 21 Executivos estaduais:
os 7 Estados do Norte, os 9 do Nordeste, 4 do Centro-Oeste e o Espírito Santo.
Por se tratar de um projeto de resolução, a proposta só passa regimentalmente
pelo Senado. Caso todos os senadores desse bloco se oponham à adoção da taxa
única de 4%, serão 63 de 81 votos contrários numa eventual votação em plenário
- uma derrota expressiva para a Presidência da República, que tem se esforçado
em fatiar a reforma tributária e acabar com a guerra fiscal entre as
administrações estaduais.
Outra
queixa generalizada dos governadores é a da forma de criação dos dois fundos,
via MP. Os chefes dos Executivos estaduais defendem a criação dos fundos por
emenda constitucional, o que impediria, conforme deles, a matéria de ficar
sujeita aos rumores orçamentários da União. "Sem fundo
constitucionalizado, não dá", afirmou o governador do Mato Grosso do Sul,
André Puccinelli (PMDB).
O receio
é de que, nesse ponto, ocorra o mesmo das compensações da Lei Kandir, em que a
cada ano é preciso aprovar uma nova lei para repassar os recursos aos Estados
exportadores. Delcídio, relator do projeto de resolução sobre a unificação do
ICMS, disse que este é um ponto de preocupação. Por RICARDO BRITO E DÉBORA ÁLVARES, 19/03/2013, estadao.com.br.
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