Pensei
mil vezes antes de escrever esse texto, mas ainda vivo num país com liberdade
de expressão, NE? No final de semana assisti de novo o “Tropa de Elite 2”. O
filme é uma dura crítica entre um triângulo políticos X Polícia X direitos
humanos. Já falei aqui sobre política, sobre segurança e hoje quero falar sobre
os direitos humanos. Precisaria muito mais de uma coluna para aprofundar o
assunto, mas o que me incomoda é: e o direito da vítima? A justiça é (muitas
vezes) lenta, burocrática e tendenciosa. A Polícia (muitas vezes) é corrupta e
despreparada. O bandido (muitas vezes) é uma pessoa sem oportunidade, que tomou
esse caminho por não ter educação e estrutura suficiente. Mas e a vítima? E a
família da vítima?
Eu
(graças a Deus) nunca perdi ninguém próximo em um assalto, por exemplo, mas
posso imaginar a dor que é. Aliás, maior que a dor deve ser a revolta. Sabendo
da impunidade, sabendo de como a banda toca no nosso país, tu perder alguém
querido estupidamente e pensar que tem gente preocupada com o bandido deve ser
um verdadeiro tapa na cara. Todo mundo merece uma segunda chance? Todo mundo
merece uma segunda chance? Sim, mas e o cara que foi morto, ele também não
merecia? Todo o ser humano merece um mínimo de dignidade para viver (mesmo na
cadeia)? Sim, mas quando os sequestradores deixam a vítima no cativeiro,
apanhando, passando fome, frio, a regra dos direitos humanos não vale?
Certa
vez (eu devia ter uns 15 anos) dois guris roubaram o mercado da esquina da
minha casa. Na hora da fuga, os meus vizinhos conseguiram pegar eles> Um
deles, depois de imobilizar o ladrão, começou a encher o piá de tapas, na
frente de todo mundo, enquanto a Polícia não chegava. Nossa, aquilo me deixou
muito mal. Ver aquela cena me deu MUITA pena do guri que tinha roubado. Logo
ele parou porque as pessoas que estavam na volta intervieram, dizendo que ele
não devia bater no cara. A Polícia chegou, levou os dois e fim de papo. Meses
depois esse MESMO guri que tinha tomado os tapas assaltou um guri que morava na
minha rua. Além de roubar tênis, boné e dinheiro, ele espancou o guri que ficou
todo roxo. Eu só pensava: porque agora não tem um monte de gente intervindo e
dizendo que ele não tem direito de roubar, MUITO menos de bater.
Usei
um exemplo de uma cena “leve” pra mostrar que tudo tem os dois lados. Eu vivo
em um país onde as medidas e os pesos mudam constantemente. E que as vítimas
ainda são as maiores vítimas (!). Não acho que tem que sair batendo em bandido,
nem sou a favor da pena de morte, mas tenho certeza de que se alguma coisa um
dia acontecer com alguém da minha família e eu sentir essa dor, vou ter raiva
dos direitos humanos. Eles deviam valer para todos. Falamos!
www.Guilherme
Alf.com.br.
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