A procuradora da República Suzana
Fairbanks, que subscreve a denúncia criminal da Operação Porto Seguro,
afirmou...
A
procuradora da República Suzana Fairbanks, que subscreve a denúncia criminal da
Operação Porto Seguro, afirmou ontem que foi contatada na quinta-feira pelo
escritório da defesa de Paulo Vieira, no sentido de que tem interesse em fazer delação premiada. Suzana se disse
disposta a ouvir o que Vieira tem a dizer, mas ressalva que a colaboração do
ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) "não altera em nada" a
denúncia contra a organização.
Vieira é
apontado pelas investigações como chefe de um esquema de compra de pareceres
técnicos em órgãos públicos. Faziam parte do grupo diretores de agências
reguladoras, como o próprio Vieira e seu irmão, Rubens, e a ex-chefe do
gabinete regional da Presidência em São Paulo Rosemary Noronha.
A
procuradora disse que o alcance de eventual benefício a Vieira depende da
extensão de sua colaboração. "A colaboração não é confissão, o réu tem que
dar informações novas. Não é simplesmente comparecer, tudo depende de análise
pormenorizada do relato a ser feito", explicou Suzana.
O novo
advogado de Vieira, Michel Barre, não se manifestou sobre a intenção de fazer
delação.
Repercussão.
Ontem, após o Estado mostrar que Vieira cogitava pedir delação premiada e
apontar "gente mais graúda" envolvida no episódio, parlamentares
disseram não temer eventuais novas revelações. "Quem tiver qualquer coisa
para dizer, a bem do Estado, que diga", reagiu o deputado federal André
Vargas (PT-PR), que também é secretário de Comunicação do partido. "Não
temos nenhum temor (sobre as revelações). Não há dúvida de que esse tipo de
ameaça começa a lançar dúvida sobre todo mundo."
Entre os
tucanos, o discurso é o mesmo. "Se há algo errado, ele deve denunciar. O
que não se admite é esse jogo, esses integrantes de quadrilha são sempre
jogadores", disse o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), que definiu
as ameaças como "factoides". Dias advertiu que, se tentar envolver o
PSDB, Vieira agirá para "desviar o foco". E o conclamou a comparecer
ao Senado com o irmão Rubens (ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Civil
), também acusado de participação no esquema.
"Virou
moda falar isto: buscar a delação como forma de perdão para os seus
pecados", ironizou o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). "Quem
tem que se preocupar é ele, pelo que fez".
Líder do PT
no Senado, Walter Pinheiro (BA) classificou como "estranha" a atitude
de Vieira. Para o senador, o ex-diretor da ANA deveria esclarecer o que fez
enquanto esteve no cargo.
O
vice-líder do PPS na Câmara, Arnaldo Jordy (PA), apresentou ontem à Mesa Diretora
da Casa um requerimento para saber quais providências o Gabinete de Segurança
Institucional (GSI) da Presidência adotou antes da nomeação de Vieira para a
agência reguladora. Jordy quer saber se a Agência Brasileira de Inteligência
(ABI), órgão subordinado ao GSI, o investigou antes de ele ser empossado na
ANA. Por FAUSTO MACEDO e RICARDO BRITO – 15/12/2012 - estadao.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário