Refúgio no passado para políticos
processados criminalmente, o Supremo Tribunal Federal está prestes a
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efúgio no passado para políticos
processados criminalmente, o Supremo Tribunal Federal está prestes a concluir o
julgamento do mensalão com a condenação de 25 réus a penas que superam 282
anos, imprime um novo ritmo para as cerca de 500 ações penais contra
parlamentares e começa a mudar a cultura do foro privilegiado.
A condenação de seis parlamentares em
2010 e 2011 deu início à mudança do histórico de impunidade que envolvia o
julgamento de inquéritos e ações penais no Supremo Tribunal Federal. A
condenação de três deputados e sete ex-parlamentares, incluindo o ex-ministro
José Dirceu, na maior ação penal que tramitou no tribunal, tem potencial para
mudar o quadro histórico definitivamente e agilizar o julgamento dos cerca de
500 casos que envolvem parlamentares - conforme os últimos dados do STF.
Relator do processo e crítico do foro
privilegiado, o ministro Joaquim Barbosa já confidenciou que um dos efeitos do
mensalão pode ser uma mudança na Constituição. A avaliação comum entre alguns
ministros do STF é de que a ação penal do mensalão jamais seria julgada se não
fosse o foro por prerrogativa de função. Se ficasse a cargo da primeira
instância da Justiça, o processo demoraria anos entre idas e vindas, recursos e
manobras processuais até transitar em julgado.
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om o novo cenário no julgamento de
ações penais, políticos pendurados no tribunal passam a ver o antigo refúgio
como o fim da linha. A condenação no Supremo não é passível de recursos ou
manobras protelatórias. As penas elevadas impostas aos réus do mensalão e a
parlamentares condenados nos últimos anos também seriam motrizes para uma eventual
alteração.
Dúvida. Apesar desse novo perfil, uma
dúvida permanece. O histórico de julgamentos do Supremo lhe garantiu a fama de
ser excessivamente "garantista". Entre 2007 e 2010, 132 ações penais
e inquéritos foram julgados definitivamente pelo Supremo, com apenas seis
condenações. Alguns casos emblemáticos contribuíram para essa fama, a começar
pela absolvição do ex-presidente Fernando Collor de Mello, passando pelo
engavetamento do inquérito aberto contra o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci
por violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, em
2006.
No julgamento do mensalão, ministros
considerados garantistas, como Gilmar Mendes, votaram pela condenação dos réus
e impuseram penas elevadas. Eles acompanharam Barbosa, relator do processo
cujos votos em casos do passado sempre foram considerados mais severos. A
votação folgada em alguns itens e os votos de alguns dos ministros
surpreenderam advogados e juristas que acompanham a jurisprudência da Corte.
A condenação dos mensaleiros pode
ainda ter um efeito multiplicador. Juízes de primeira e segunda instâncias e
ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aguardam a publicação do
acórdão do julgamento para avaliar as consequências deste caso para a
jurisprudência criminal do país. Os votos proferidos pelos ministros em
plenário, especialmente sobre as acusações de lavagem de dinheiro e gestão
fraudulenta de instituição financeira, podem mudar a jurisprudência sobre os
casos.
Mas ministros do STJ afirmam que é
preciso aguardar a publicação do acórdão para saber se o que foi dito em
plenário ao longo do julgamento vai para o papel e, assim, poderá ser usado
como precedente para outras condenações. O acórdão deve ser publicado apenas no
ano que vem, depois que todos os ministros liberarem seus votos.
Dos seis deputados condenados pelo
Supremo antes do mensalão, nenhum está cumprindo pena. O caso mais problemático
é do deputado Natan Donadon (PMDB-RO). Condenado a 13 anos de prisão, continua
em plenário graças a um recurso que aguarda julgamento há um ano. Por
FELIPE RECONDO, 02/12/2012, BRASÍLIA, estadao.com.br.
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