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terça-feira, 5 de julho de 2016

'A quem interessa o desmonte da delação', questiona procurador da Lava Jato






Em coletiva de imprensa, Roberson Henrique Pozzobon criticou as medidas legislativas que prevêem mudanças na colaboração premiada e pediu o engajamento da sociedade no combate à corrupção

Por Eduardo Gonçalves, 04/07/2016,
 www.veja.com.br

Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato fizeram nesta segunda-feira um discurso enfático contra as medidas legislativas que prevêem alterações no instituto da delação premiada e nos acordos de leniência. Em coletiva de imprensa convocada para detalhar a 31ª fase da operação, a Abismo, deflagrada hoje, os procuradores pediram o engajamento de toda a sociedade no combate à corrupção e voltaram a fazer campanha pelas dez medidas propostas pelo Ministério Público contra crimes de colarinho branco, que tramitam no Congresso, e pela reforma política.

Em sua fala, o procurador Roberson Henrique Pozzobon citou as operações Turbulência, Custo Brasil, Saqueador, Tabela Periódica e a Abismo, deflagradas nos últimos quinze dias, como exemplo da contribuição das delações às investigações e de como a corrupção está "alastrada no país". Segundo Pozzobon, os agentes políticos são, na maioria dos casos, os destinatários finais da propina e o "topo da cadeia alimentar" dos esquemas.

"Nós precisamos estar atentos para as críticas que se fazem a esses acordos de delação e leniência. Serão elas razoáveis? Qual é o pano de fundo dessas críticas? O que nós vemos hoje e o que devemos nos perguntar é: a quem interessa o desmonte do instituto do acordo de colaboração e do acordo de leniência? A quem investiga ou a quem por meio desses acordos é investigado?", indagou Pozzobon.

O procurador também pregou a união entre os órgãos de investigação e a população para evitar que a "grande corrupção" invista contra as apurações. "Essas quatro operações somadas à de hoje nos mostram de uma forma muito clara que a corrupção está alastrada no nosso país e que não há como enfrentar o crime organizado no país de forma desorganizada. Precisamos cada vez mais que o MP, a polícia, o judiciário e a sociedade formem uma grande rede de combate à corrupção", disse o procurador. "O povo brasileiro já não agüenta mais agentes políticos que flertam e se casam com a corrupção", completou.

Na coletiva, o procurador Julio Motta ainda lembrou que a corrupção não se restringe a agentes públicos, mas também envolve o setor privado. Como exemplo, citou a revelação feita na Abismo de que um consórcio de empreiteiras pagou 18 milhões de reais à Wtorre para ela abandonar a licitação do Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), no Rio. O contrato de 850 milhões de reais para erguer o Cenpes é o principal alvo desta ação da Lava Jato. "A corrupção também se alastrou no setor privado. Essa é uma cultura que precisa ser mudada, tanto no ambiente privado como no público. Isso não pode ser a regra do jogo", afirmou o procurador.




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