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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Os ratos do Congresso Nacional (Fonte: Metro Jornal 03/09/2013).

Na década de 90 morei um período em Nova York. Usava diariamente o metrô. Certo dia, uma pessoa contraiu leptospirose e o caso foi associado ao elevado número de ratos no subsolo da cidade. Em poucos dias, cerca de 400 agentes de saúde pública invadiram, munidos de equipamentos, os mais de 400 quilômetros de extensão do subway nova-iorquino. Eles não esperaram a doença e seus vetores se proliferarem para então agir. Aqui, como não fazemos nada, os ratos se reproduzem.
Na semana passada, presenciamos um dos episódios mais deletérios e deprimentes nestes poucos mais de 20 anos de nossa democracia. Condenado a 13 anos de prisão por formação de quadrilha e peculato, o deputado federal Natan Donadon – expulso do PMDB, hoje sem partido – tornou-se o primeiro Congressista preso no exercício do mandato sob a égide da atual Constituição. Há dois meses, como delinquente de colarinho branco que é, está vendo o sol nascer quadrado. O pilantra já reclamou do chuveiro, do colchão e da comida do presídio, o que não chega a surpreender. Poderia e deveria ter pensado nisso antes de desviar, junto com seu irmão, R$ 8,4 milhões dos cofres da Assembleia Legislativa de Rondônia ainda nos anos 90. Mas as lamúrias do presidiário não chegaram a surpreender. O que espanta é que, mesmo preso, ele continua deputado federal. Dá para acreditar?
No dia da cassação, que deveria ser mera formalidade em parlamentos onde a maioria tem vergonha na cara, Donadon foi levado de camburão para a Câmara e teve até direito de subir à tribuna e discursar antes que fosse votada a perda do mandato. Muitos deputados, ao ouvir as lamúrias do assaltante dos cofres públicos, choraram por dentro. Identificaram-se com o bandido. O que não falta por lá são canalhas travestidos de homens sérios. Quando a votação acabou, a surpresa: Donadon manteve o mandato porque faltaram 24 dos 257 votos necessários para cassá-lo. Sem falar que 131 deputados votaram contra. Parlamentares de vários partidos, principalmente do PMDB, PT e PP trabalharam com afinco para impedir que a moralidade fosse instalada. Pior foram os 14 gaúchos ausentes que justificaram a Expointer, consultas médicas e mal-estar para a falta.
Chamem logo os agentes de saúde. O Congresso está infestado de ratos. Por Diego Casagrande, 03/09/2013, Metro jornal.com.br.

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