Na
década de 90 morei um período em Nova York. Usava diariamente o metrô. Certo
dia, uma pessoa contraiu leptospirose e o caso foi associado ao elevado número
de ratos no subsolo da cidade. Em poucos dias, cerca de 400 agentes de saúde
pública invadiram, munidos de equipamentos, os mais de 400 quilômetros de
extensão do subway nova-iorquino. Eles não esperaram a doença e seus vetores se
proliferarem para então agir. Aqui, como não fazemos nada, os ratos se
reproduzem.
Na
semana passada, presenciamos um dos episódios mais deletérios e deprimentes
nestes poucos mais de 20 anos de nossa democracia. Condenado a 13 anos de
prisão por formação de quadrilha e peculato, o deputado federal Natan Donadon –
expulso do PMDB, hoje sem partido – tornou-se o primeiro Congressista preso no
exercício do mandato sob a égide da atual Constituição. Há dois meses, como
delinquente de colarinho branco que é, está vendo o sol nascer quadrado. O
pilantra já reclamou do chuveiro, do colchão e da comida do presídio, o que não
chega a surpreender. Poderia e deveria ter pensado nisso antes de desviar,
junto com seu irmão, R$ 8,4 milhões dos cofres da Assembleia Legislativa de
Rondônia ainda nos anos 90. Mas as lamúrias do presidiário não chegaram a
surpreender. O que espanta é que, mesmo preso, ele continua deputado federal.
Dá para acreditar?
No
dia da cassação, que deveria ser mera formalidade em parlamentos onde a maioria
tem vergonha na cara, Donadon foi levado de camburão para a Câmara e teve até
direito de subir à tribuna e discursar antes que fosse votada a perda do
mandato. Muitos deputados, ao ouvir as lamúrias do assaltante dos cofres
públicos, choraram por dentro. Identificaram-se com o bandido. O que não falta
por lá são canalhas travestidos de homens sérios. Quando a votação acabou, a
surpresa: Donadon manteve o mandato porque faltaram 24 dos 257 votos
necessários para cassá-lo. Sem falar que 131 deputados votaram contra.
Parlamentares de vários partidos, principalmente do PMDB, PT e PP trabalharam
com afinco para impedir que a moralidade fosse instalada. Pior foram os 14
gaúchos ausentes que justificaram a Expointer, consultas médicas e mal-estar
para a falta.
Chamem
logo os agentes de saúde. O Congresso está infestado de ratos. Por Diego
Casagrande, 03/09/2013, Metro jornal.com.br.
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