Lula é o presidente e nomeou Meirelles para o lugar de Levy
Titular da Fazenda fala a senadores e é triturado ao defender CPMF; o
candidato à sua cadeira critica imposto em conversa com empresários
Por: Reinaldo Azevedo 12/11/2015, www.veja.com.br
O comando do Bradesco deveria fazer logo um favor a
Joaquim Levy — sei que soa meio estranho escrever desse modo — e afastar dele o
cálice do Ministério da Fazenda. Levy é um bom homem, é um profissional
competente na sua área e está passando por uma fritura desnecessária e penosa.
Já foi derrubado por Lula. Henrique Meirelles — ex-presidente do Banco Central
e outro profissional que nada entende de política econômica — é o virtual novo
ministro da Fazenda. Já está até concedendo entrevista nessa condição.
O que isso quer dizer? Ora, que o golpe já foi
dado. E, é claro, não foi pela oposição nem pelos jovens que estão acampados
nos gramados do Congresso. Quem apeou Dilma da cadeira foi o grande golpista de
plantão no Brasil: chama-se Luiz Inácio Lula da Silva. Isso não é matéria de
gosto, mas de fato.
Levy já começou a ser desautorizado a céu aberto.
Determinações suas estão sendo descumpridas por Jaques Wagner, por exemplo, o
lulista da Casa Civil. Na terça, coitado! Em jantar com senadores tanto da base
aliada como da oposição, o ministro da Fazenda passou por um verdadeiro
massacre. Fez lá as suas antevisões de praxe e voltou a defender a CPMF, que
não terá vida fácil no Congresso.
E Meirelles? Ah, esse já até concede entrevista
como ministro. E parece não esconder a excitação com a possibilidade. Indagado
por jornalistas a respeito, um modesto decoroso teria dito que a conversa não
procede, que Levy faz um excelente trabalho, que se deve deixar o ministro
cumprir as suas tarefas, essas coisas. Ele deveria ter dito isso tudo ainda que
não acreditasse em nada.
Ocorre que, ainda que Meirelles fosse decoroso, a
modéstia não é um mal que vá matá-lo algum dia. Num evento na Confederação
Nacional da Indústria, nesta quarta, criticou a recriação da CPMF e a elevada carga
tributária brasileira. Parecia música aos ouvidos dos presentes. E era mais um
round da luta contra Levy.
Indagado, depois, pelos jornalistas se vai para o
lugar do ministro da Fazenda, deu esta significativa resposta: “Não posso
comentar sobre coisas de que não estou participando diretamente. Esse tipo de
assunto, eu leio nos jornais e não estou em condições de comentar”.
Heiiinnn? Cadê o decoro e o elogio de praxe ao
atual titular?
E notem: ele diz não estar participando
“diretamente” — entendo, pois, que participe indiretamente e que haja um agente
que cuida de sua nomeação. Há mesmo: Lula.
Mas ele aceitaria? Reitero: a única resposta
elegante, em casos assim, seria dizer que a Fazenda está em boas mãos — o que
não impediria a sua eventual nomeação. Mas ele preferiu dizer isto: “Questão de
se eu aceitaria ou não aceitaria, tenho uma postura há muito tempo: eu não
trabalho, não penso nem falo sobre hipótese. Só trabalho com situação concreta.
Acho que o importante hoje é definirmos o que precisa ser feito no Brasil”.
Assim, a lógica obriga a que se conclua:
1 – sim, ele aceitaria;
1 – sim, ele aceitaria;
2 – ele acha que não se definiu ainda o que precisa
ser feito no Brasil;
3 – se ele aceita o cargo, então haveria essa definição.
3 – se ele aceita o cargo, então haveria essa definição.
Para lembrar: Meirelles sempre foi o candidato de
Lula para a Fazenda. Ocorre que Dilma o detesta e está certa de que ele
prestaria vassalagem, para ficar em termos medievais, a outro senhor. E ela tem
razão.
Mas parece que essa é uma objeção que fazia sentido
quando a presidente de direito também era a presidente de fato. Não é mais.
Está fora.
Como é que a gente vai agora pedir o impeachment de
Lula se ele nem foi eleito?
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