Análise: Carlos Melo A
legislatura que se inicia veio à luz sob crítica, descrença e repúdio. Nasceu
velha. Circula...
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Carlos Melo, 28/02/2013, É CIENTISTA POLÍTICO, PROFESSOR DO INSPER, ww.estadao.com.br.
Análise:
Carlos Melo
Legislatura que se inicia
veio à luz sob crítica, descrença e repúdio. Nasceu velha. Circula pelas redes
sociais manifesto pelo impeachment do presidente do Congresso, senador Renan
Calheiros. Na Câmara, Henrique Alves não fica atrás quando a matéria é
desconfiança. Estamos todos cientes do desgaste.
Isto desperta a tentação pela pirotecnia, manobras
espetaculares e saídas tão rápidas quanto inconsistentes cujo objetivo é
"ficar bem na foto". Desengaveta-se a poção mágica da credibilidade
instantânea. Desconfio de que esteja aberta a temporada de promessas e conversa
mole. Discursos tipo "agora vai", manifestações de indignação e
resoluta determinação sem objetividade. Moralismos para todos os gostos:
reformas, cortes de salários, controle de presença, redução de custos,
intransigência, autoridade e que tais. Agora vai, mesmo?
São temas que tantas vezes estiveram na iminência
do desenlace. Mas não progrediram por falta de consenso ou por consenso de que
não interessa nem sequer votá-los. Os novos dirigentes do Congresso Nacional
vêm a público ciente disto, certamente. São inteligentes. E apresentam-se como
se os tempos fossem outros, e o corpo legislativo e seu corporativismo não
fossem os mesmos.
A
cidadania deve ficar atenta.
No mais, mais uma vez iniciar o debate: quanto deve
custar à democracia? Deve-se olhar para os custos ou pensar em preço? Custo é o
inevitável, o que se arrasta inexoravelmente por uma atividade que nem sabemos
se queremos. Preço diz respeito a valor: quanto se está disposto a pagar por
determinado bem? Que vantagens que ele trará?
Há que discutir o preço da democracia numa relação
com o bem e as vantagens que ela traz; seu custo, mas seu benefício. Para além
das manobras diversionistas, a democracia é um bem em si. Mas, deve produzir
bem-estar. Eis seu compromisso inescapável. Qual o preço disso? Depende do que
se pretende ter e de onde se necessita chegar. Talvez, então, seja possível
decidir sem emoção, nem tergiversação.
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