A Odebrecht iniciou a reforma do
sítio em outubro de 2010, quando Lula ainda ocupava a Presidência, o que pode
complicar a situação do ex-presidente se a Justiça considerar que a reforma foi
a retribuição a algum favor
Por Reinaldo
Azevedo, 26/10/2016,
www.veja.com.br
Ex-executivo da Odebrecht mais próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Alexandrino Alencar mudou a atitude em relação ao acordo de delação que está negociando com a Lava Jato e passou a entregar informações sobre a reforma do sítio em Atibaia (SP) freqüentado pelo petista e as viagens que fez com ele para países da África e América Latina. Alencar prestou dois depoimentos aos procuradores. No primeiro, em Curitiba, sua delação foi rejeitada porque os investigadores consideraram que ele omitira fatos para preservar Lula. Ele e seus advogados refizeram o roteiro a ser apresentado aos investigadores. Na terça-feira (18) ele voltou a falar com a força-tarefa, desta vez em Brasília. Com a apresentação de novas versões sobre o sítio e as viagens, os procuradores já sinalizaram que vão aprovar os termos do acordo. (…)
A Odebrecht iniciou a reforma do sítio
em outubro de 2010, quando Lula ainda ocupava a Presidência, o que pode
complicar a situação do ex-presidente se a Justiça considerar que a reforma foi
à retribuição a algum favor que ele fez às empresas que cuidaram da obra.
Dependendo da interpretação judicial, a reforma poderá ser considerada crime de
corrupção, já que começou quando Lula ocupava um cargo público. Na sua proposta
de delação, porém, Alencar narra fatos sobre a reforma após a saída de Lula da
Presidência. O começo da obra será narrado por outro delator da Odebrecht,
ainda de acordo com apuração da Folha. A empresa bancou benfeitorias no sítio,
como a construção de um anexo com quatro suítes.
Outro
lado
A defesa do ex-presidente Lula refuta
que ele tenha recebido recursos ilícitos da Odebrecht e atacou delações. Em
nota, o Instituto Lula diz que “a defesa do ex-presidente já entrou com pedido
de investigação na PGR [Procuradoria Geral da República] sobre mudança de
versões em duas tratativas de delação - as de Alexandrino Alencar e Léo
Pinheiro [da OAS]– pelo risco de coação pelos investigadores para obterem
versões contrárias ao ex-presidente, e pela perda do princípio da
voluntariedade, o que tornaria tais delações nulas”. Ainda segundo a nota, “se
delações não são provas, apenas meio de investigação, mais irrelevantes ainda
são supostas delações”.
(…)
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