A
oposição quer explicações do secretário-geral da Presidência da República,
Gilberto Carvalho, sobre uma conversa...
A
oposição quer explicações do secretário-geral da Presidência da República,
Gilberto Carvalho, sobre uma conversa dele com o ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Luiz Fux. Antes de Fux ser indicado ao cargo, ele teria procurado
Carvalho e afirmado que o processo do mensalão "não tinha prova
nenhuma" e que "tomaria uma posição muito clara" durante o
julgamento.
"É
um fato gravíssimo. Primeiro porque é um ministro antecipando seu voto em um
julgamento. Segundo, que dá a entender que o Fux só foi indicado (ao STF)
porque havia se posicionado daquela maneira", afirmou o deputado Ronaldo Caiado
(DEM-GO). A declaração de Carvalho foi exibida domingo (23) à noite em
entrevista ao programa "É Notícia", da Rede TV.
Para o
deputado, a afirmação permite supor não apenas que Gilberto Carvalho trabalhou
para a indicação de Fux ao Supremo, mas que o Executivo usou a prerrogativa de
poder indicar os membros do STF para colocar lá uma pessoa com voto já
declarado a favor do PT. "Cabe ao governo, principalmente à presidente
Dilma, explicar por que nomeou o Fux."
Presidente
e líder dos Democratas no Senado, o senador José Agripino (RN) também acredita
na necessidade de esclarecimentos. "É uma bisbilhotice imprópria para um
ministro de Estado. Fica claro que o Fux procurou o Gilberto para pedir ajuda
na indicação", afirmou.
Gilberto
Carvalho foi chefe de gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na
época do mensalão. Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, o
ex-presidente poderá até ser investigado pelo Ministério Público por causa do
mensalão. Isso porque Marcos Valério, apontado como operador do mensalão,
condenado a mais de 40 anos de prisão pelo STF, afirmou em depoimento à
Procuradoria-Geral da República (PGR) em setembro que Lula autorizou
empréstimos dos bancos Rural e BMG para o PT, com o objetivo de viabilizar o
esquema. Valério afirmou ainda que despesas pessoais de Lula foram pagas pelo
esquema do mensalão.
Procurados,
os senadores Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do governo no Senado, e Walter
Pinheiro (BA), líder do PT no Senado, não quiseram se pronunciar sobre o
assunto. O atual líder do PT na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto (SP), não
foi encontrado pela reportagem, bem como o futuro líder do partido na Casa,
deputado José Guimarães (CE). Por Débora
Álvares, 24/12/2012, estadao.com.br.
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