Por Reinaldo Azevedo, 05/08/2015, www.veja.com.br
O inteligentíssimo jornalista e
humorista Márvio Lúcio, o “Carioca” do programa Pânico (na rádio Jovem Pan e na
Band), mandou ontem uma graça para o programa “Os Pingos nos Is”. Imitando a
voz de Lula, ele canta:
“Eu/
Quem vai preso é o Zé de Dirceu/
Quem vai preso é o Zé de Dirceu/
Mesmo que seja
Eu/
Quem vai preso é o Zé do Dirceu/
Quem vai preso é o Zé do Dirceu/
Mesmo que seja
“Eu” …
Ridendo castigat mores… Rindo, moralizam-se os
costumes. Luiz Inácio Lula da Silva — sim, ele mesmo! — agora deu para comentar
com amigos, segundo informa a Folha, que, depois da prisão de José
Dirceu, o PT precisa fazer uma profunda reflexão.
Convenham! É mesmo o caso de a gente ficar
impressionando, não? Quando vieram à luz as primeiras falcatruas, do mensalão
vocês se lembram; este senhor se disse traído. E afirmou que aqueles que
erraram deveriam pagar. Pouco depois, o PT deu início àquela conversa mole de golpe,
Lula passou a atribuir tudo a uma conspiração da oposição e da imprensa e
anunciou, tonitruante, que um dia ainda diria muitas verdades. Alguns esperam
até hoje. Sempre que esse senhor promete dizer verdades, dou de ombros e vou
fazer outra coisa.
Muito bem! O petrolão chegou mais perto do chefão
petista do que chegou o mensalão. Se já era absolutamente inverossímil que
ignorasse aquela tramóia, menos verossímil é a afirmação segundo a qual nada
sabia desta, dados os vínculos que o próprio Babalorixá mantém com empreiteiras
e a dimensão do escândalo.
Mas vejam lá… O homem não se dá por achado. Propõe
que o PT se dedique à reflexão como se aquilo tudo que se viu não fosse um
método e, como já escrevi aqui, uma forma de tomada do estado brasileiro. Há não
custa lembrar, duas leituras em choque no próprio Ministério Público, e só uma
é certa: 1 – a primeira pretende que todos os partidos são igualmente corruptos e
que tudo se resolve com leis mais severas; 2 – a segunda informa que a
corrupção jamais atingiu a dimensão que atingiu sob o petismo — em razão,
obviamente, de características que lhe são peculiares.
Para Lula, segundo apurou a Folha, mais importante
é o governo evitar uma guerra com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da
Câmara. Muito pragmático, o homem já deve estar pensando em como contornar as
CPIs do BNDES e dos fundos de pensão.
Há outro troço perverso aí: petistas espalham pelos
corredores que, desta feita, não sairão em defesa do Zé porque ele teria
procurado obter vantagens pessoais na relação com as empreiteiras, entendem? Os
petralhas, porque é de sua natureza e porque isso os define, acham que o
malfeito cometido em nome do partido é, no fundo, virtude.
Lula sabe que não corre risco nenhum nesse caso. “É
mais fácil matarem Dirceu do que ele fazer uma delação premiada.” A frase é do
advogado Roberto Podval, que faz a sua defesa e também a do irmão do petista,
Luiz Eduardo de Oliveira e Silva. Eu já havia escrito aqui, como sabem, que
achava absolutamente improvável que isso acontecesse.
Não em benefício de Dirceu — na
verdade, é contra tudo o que ele pensa que o escrevo —, especulo se ele, mesmo
formado em direito, considerava criminosas as ações pelas quais foi condenado
no mensalão e aquelas de que o acusam no petrolão.
O que estou afirmando é algo mais sério do que o
simples ato de delinqüir. De tal maneira o crime se mostrou a segunda natureza
do partido que não tardou a se tornar a primeira. Àquilo a que nós, os mortais
comuns, chamamos banditismo, eles consideram uma “forma de luta”. É por isso
que a legenda se tornou um mal sem cura.
Seja como for, a gente nota que Lula está disposto
a jogar companheiros ao mar para ver se salva a própria pele e não vai parar,
ele também, na cadeia.
“Eu/
Quem vai preso é o Zé de Dirceu/
Quem vai preso é o Zé de Dirceu/
Mesmo que seja
Eu/
Quem vai preso é o Zé do Dirceu/
Quem vai preso é o Zé do Dirceu/
Mesmo que seja/
Eu"…
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