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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O que está em investigação — e em desmoronamento — é uma forma de conquista do Estado. E uma fala de Gilmar Mendes



Por Reinaldo Azevedo, 04/08/2015,
www.veja.com.br

Em tempos em que alguns tontos — e a desocupação é a morada do capeta! — se arvoram em intérpretes do que penso, nada como recorrer ao que eu mesmo escrevi, confrontando com a realidade, com as evidências que vêm à luz. Eu sei o que penso, não os 171 da vida… No dia 5 de fevereiro, publiquei aqui um post em que se lia isto:
“Desde sempre, afirmo neste blog que tratar o escândalo do petrolão como mera formação de cartel de empreiteiras corresponde a ignorar a natureza do jogo. Um ente de razão, um partido, tomou de assalto o estado brasileiro. É possível que ladrões sem ideologia tenham se imiscuído no sistema, mas que não se perca de vista o principal: a safadeza alimentava e alimenta um projeto de poder.
(…)
Por que eu tendo a resistir, senhores leitores, à tese do cartel de empreiteiras atuando na Petrobras? Porque isso embute a idéia de que a roubalheira se concentrava na estatal; porque sobra a sugestão de que meliantes morais incrustrados na empresa partiram para a delinqüência. Que o tenham feito, não duvido. Mas será só ali?
As mesmas empreiteiras que trabalham para a Petrobras atuam em outras áreas do governo. São elas, afinal de contas, que prestam os serviços na área de infraestrutura. Então será diferente nos outros setores da administração pública? A moralidade vigente na Petrobras não será a regra? E noto que a empresa dispõe de mecanismos de controle mais severos do que os das demais estatais e os dos ministérios.
O Brasil está na pindaíba. Incompetência e ladroagem se juntaram contra os cofres públicos. E então cabe a pergunta: onde está Luiz Inácio Lula da Silva, aquele que recomendou que os petistas andassem, orgulhosos, de cabeça erguida?”

Retomo

Será que isso alivia a situação de alguém? Não! Isso agrava! Há uma diferença para pior em recorrer ao roubo para assaltar o estado de direito e em fazê-lo com o fito de encher as burras de dinheiro. É tudo bandido. Mas são bandidagens distintas.
Nesta terça, o ministro Gilmar Mendes, do STF e também membro do TSE, afirmou o seguinte:
“Me parece que há uma mesma raiz tanto para o fenômeno do mensalão quanto este do chamado petrolão, e agora eletrolão, e quantos ‘ãos’ venham ainda. Parece-me que há uma mesma matriz, é uma forma de governar, é um modelo de governança. E isso que é problemático nessa história toda. Acho algo realmente de proporções inimagináveis. A corrupção como sistema de governo, como forma de organizar a administração, realmente é algo impensável”.
O ministro afirmou, informa a Folha, que o Ministério Público Federal, “por alguma razão”, não levou à frente a recomendação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios, que investigou o mensalão, para apurar fraudes nos fundos de pensão.
Disse ele: “A CPI recomendou, só que, por alguma razão, na Procuradoria, isso não teve desfecho, não teve seguimento. Felizmente, esse tema andou. Então, quando a gente fala que o mensalão ficou limitado, é claro que a gente sabe que, se tivesse havido uma investigação, talvez já se tivesse detectado essas conexões”.
Em suma, meus caros: o que está em investigação, e isso tem de ficar claro, é algo muito mais grave do que formação de cartel e pagamento de comissão para larápios. O que está em investigação e em desmoronamento é uma forma de conquista do estado.

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