No
Ceará, ex-presidente fala sobre corrupção e defende punições; hoje ele
participa de evento com Dirceu e Genoino
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem a uma plateia petista que
está disposto a fazer o debate sobre corrupção com a oposição. "Somos
seres humanos. Alguns de nós podem cometer erros, e quando cometer, tem que ser
julgado, como todos têm que ser julgados. Errou tem que ser punido", disse
Lula.
Ele não
citou nenhum caso em particular e nem fez referência ao episódio do mensalão. Foi,
contudo, uma de suas falas mais fortes sobre o tema corrupção desde o fim do
julgamento no Supremo que condenou a antiga cúpula petista, em dezembro.
O
discurso ocorreu em Fortaleza no primeiro seminário que o PT programou para
fazer um balanço dos dez anos do partido à frente do governo federal.
Lula
rechaçou, porém, a associação do PT à corrupção. "Não vamos aceitar que
ninguém jogue em cima de nós a pecha que eles carregaram a vida inteira no jeito
de fazer política."
Um pouco
mais à frente, ao final de sua fala, disse que o PT "não nasceu para andar
de cabeça baixa". "Se algum quer andar de cabeça baixa, por favor,
procure outro partido." E arrematou: "Todos nós achamos que o PT tem
defeito. Mas o dia que vocês conhecerem a política aí fora vocês vão dizer,
p... vida, esse partido é do cacique".
O
ex-presidente voltou a defender a reforma política, a ideia de elaboração de
uma Constituinte exclusiva para o tema e o financiamento público de campanha.
Ele sustentou que, vigorando este último, "pegar dinheiro de empresa
privada deveria ser crime inafiançável".
Lula
afirmou que o Brasil precisa "baratear os custos de fazer campanha" e
brincou: "Se continuar assim, daqui alguns anos só vai poder ser candidato
a vereador em Quixadá (CE) o representante do Itaú, o representante do
Bradesco", disse o ex-presidente.
O petista
afirmou duvidar que outro presidente brasileiro tenha "criado tantos
instrumentos" de controle da corrupção quanto ele e sugeriu à plateia que
perguntassem ao diretor-geral da Polícia Federal e aos chefes do Ministério
Público Federal como estavam as suas instituições quando chegou ao poder, em
2003, e como estavam em 2010, quando ele deixou a Presidência.
Hoje,
Lula vai abrir a reunião do Diretório Nacional do PT à qual devem comparecer o
ex-ministro José Dirceu e os deputados José Genoíno (PT-SP) e João Paulo Cunha
(PT-SP), todos condenados à prisão pelo Supremo. Além deles, deve participar a
mulher do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, Mônica Valente. Os quatro são
integrantes do diretório. Por Fernando
Gallo, 01/03/2013, Enviado Especial/Fortaleza, estadao.com.br
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