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quarta-feira, 10 de maio de 2017

O circo armado por Lula tem um culpado no picadeiro



O ex-presidente que, ao contrário de Vargas, saiu da história para cair na vida, não tem álibis nem atenuantes para os muitos crimes que cometeu

Por Augusto Nunes, 10/05/2017,
 www.veja.com.br

É compreensível que Lula e sua trupe de bacharéis tenham feito o diabo para adiar até o fim dos tempos o primeiro encontro com Sérgio Moro. E foi tão previsível quanto à mudança das estações do ano a tentativa do bando, tão logo se consumou o fiasco da tentativa de fuga, de transformar Curitiba em picadeiro, tribunal em palanque e depoimento de réu culpado em discurseira de perseguido político de botequim.

O ex-presidente que, ao contrário de Getúlio Vargas, saiu da história para cair na vida, não tem álibis nem atenuantes para os muitos crimes que cometeu. Sobretudo por isso, o que está em curso nesta quarta-feira não pode ser reduzido a um duelo entre um defensor da Justiça e um fora da lei. O que se vê é o confronto entre dois brasis. De um lado, está escancarado o Brasil do passado, uma velharia agonizante que até agora só condenava os lulas à perpétua impunidade. Do outro lado se vislumbra o Brasil do futuro, que está nascendo graças à Lava Jato. Neste país em trabalhos de parto, todos são iguais perante a lei.

O circo armado por Lula para escapar de punições judiciais merecidíssimas transformou em certeza a suspeita que vinha crescendo entre jornalistas do mundo inteiro: o ex-presidente que se fantasia de pai dos pobres é o chefe do maior esquema corrupto da história. O depoimento de hoje vai aguçar, entre os que conhecem as duas ofensivas contra a impunidade institucionalizada, a sensação de que a Lava Jato tem tudo para ir muito além das fronteiras expandidas pela Operação Mãos Limpas.

A imprensa italiana, por exemplo, tem tratado como reprise de quinta categoria as reações desesperadas, patéticas ou apenas ridículas dos políticos envolvidos até o pescoço nas bandalheiras. É coisa de cobra mal matada. É medo de cadeia, hoje epidêmico entre a turma do foro privilegiado.

O que nenhum jornalista de qualquer país entende é a proteção oferecida por ministros do Supremo Tribunal Federal a bandidos de carteirinha. Por que, em vez de estender-lhes a mão, o STF não ajuda a manter algemados os pulsos dos ladrões irrecuperáveis? Essa é a pergunta que mais tenho ouvido na Itália. Essa é certamente a pergunta que se fazem neste momento milhões de brasileiros decentes.


Comentários


Regina
 
Jornalistas como você, probo, íntegro e impessoal, contam-se nos dedos. Parabéns por seus textos, sempre objetivos, claros e, sobretudo, isentos de paixões contraditórias.

Éder Souza Borges
 
Infelizmente, o circo tem funcionado! Única razão para o Lula não ter sido preso ainda, mesmo tentando atrapalhar as investigações, comprando testemunhas, mandando destruir provas etc.…

Claudio Stainer
 
Há um ditado que diz: quem tem muitos padrinhos morre pagão.

Paulo Bandarra
 
Eu diria que tem uma quadrilha, uma organização criminosa altamente sofisticada que agia há muitas décadas. Pena que Carlinhos Cachoeira não quis fazer delação premiada.

JOSE DE CPS.
 
CARO AUGUSTO, É DE JORNALISTAS COMO VC. QUE PRECISAMOS. MEUS PARABENS.

Chrisoula Papadimitriou
 
Prezado Augusto,
Você é sempre brilhante em suas colocações.
Boas férias!


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