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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Vai catar coquinho!



O brasileiro anda muito raivoso. A causa principal pode ser a aliança nefasta entre políticos e empresários

Por Augusto Nunes, 14/05/2017,
 www.veja.com.br



DE ONDE VÊM AS PALAVRAS

Texto de Deonísio da Silva

O presidente Michel Temer reiterou que “precisamos pacificar o país” e lamentou “uma certa raivosidade que permeia a consciência nacional”, lembrando que somos conhecidos por nossa cordialidade.

A palavra é nova, mas, como tantas outras ainda por vir jaziam em estado virtual ou latente. Raiva e raivoso já eram conhecidas e usadas, mas raivosidade…

Por ínvios caminhos, o presidente acertou em cheio: o brasileiro anda muito raivoso. Provavelmente nunca sentiu tanta raiva quanto hoje. E a causa principal pode ser a aliança nefasta entre políticos e empresários, cujas trapaças a mídia e o judiciário nunca deixaram tão claras quanto hoje.

A tecnologia deu — ou melhor, vendeu — meio e modos para o povo inteirarem-se do que antes ocorria “no escurinho do cinema”, quando eles “chupando dropes de anis” ficavam “longe de qualquer problema” e “perto de um final feliz”, que, aliás, para eles sempre veio. Para o povo, não!

Continuando com Rita Lee e Roberto de Carvalho, “mas de repente o filme pifou/ e a turma toda logo vaiou/ acenderam as luzes, cruzes!/ que flagra, que flagra, que flagra!”.

A língua portuguesa falada e escrita no Brasil tem várias frases ou locuções para expressar a raiva, como abaixo transcritas para deleite dos nossos leitores. Expliquemos uma, pelo menos, a do título.

VAI CATAR COQUINHO é mais antiga do que parece. Provavelmente nasceu da ordem maluca de Calígula, o insensato imperador romano, assassinado aos 28 anos de idade, no século I de nossa era.

Comandando o poderoso exército romano na campanha da Britânia, ele, num daqueles ataques de raiva que tanto o caracterizaram, ordenou que seus soldados catassem conchinhas na praia.

Conchinha é conchula em latim. Conchinha numa língua pouco afeita à escrita durante tantos séculos, vinda do Latim vulgar, mais falado do que escrito, foi substituída por coquinho na expressão.

Lendária a explicação? Lendário também o registro, pois ao cruel soberano foram atribuídas tantas coisas que se tornou difícil dizer quais são verdadeiras, quais são falsas. Mas o certo é que, em momentos de raiva, quando alguém enche nossa paciência, só nos resta, em vez de prosseguir com argumentos que a pessoa não quer entender, mandá-la catar coquinho, isto é, fazer algo inútil, mas, que tem o condão de parar de nos incomodar.

Abaixo, outras expressões em momentos de raiva: perder a esportiva, mandar pentear macacos, ficar de cara amarrada, subir nas tamancas ou nos tamancos, sair do sério, perder a linha, erguer uma tromba no nariz, ficar bicudo, tocar fogo no circo, cansar a beleza, chamar nas esporas, colocar o dedo na ferida, estrilar, ficar de cabeça quente, dar nos nervos, mandar às favas, perder as estribeiras, afogar as mágoas, pegar no pé, tornar-se uma pilha de nervos, ficar com os nervos à flor da pele, ficar puto da vida, ficar com cara de quem comeu e não gostou, ficar com cara de poucos amigos, ficar com a moléstia, ferver o sangue nas veias, cuspir ou soltar fogo pelas ventas, atravessar alguma coisa na garganta, mandar plantar (ou descascar) batatas e virar o bicho, entre muitas outras.

Só não registro aqui também as obscenas porque estas são um capítulo à parte, uma vez que recorrer às funções excretoras e sexuais é estratégica universal nestas horas, em todas as línguas. E, neste particular, o Português é goleado por línguas como o Alemão, o Francês e o Inglês. Cada uma delas tem muito mais palavrões do que a nossa.


Comentários

J.B.CRUZ
 
A Bondade e a Maldade estão em todo lugar, vez que carregamos dentro de nós essas "duas Senhoras abstratas e antagônicas".

Fica a responsabilidade de nossos Espíritos (Intelecto), separá-las; e nossos corpos são usados como o instrumento...

Obs.:

A Intolerância é derivada da Maldade e sempre existiu... Mas, convenhamos; aumentou muito na era petista, justamente por quem deveria dar o exemplo de Tolerância derivada da Bondade, que foi o ”nosso guia” lula da silva ao disseminar o Ódio de Classes entre; Brancos x Negros, Ricos x Pobres, patrões e empregados; como se no nosso BRASIL não tivéssemos o D.N. A UNIVERSAL. Somos um País de Imigrantes, descendentes de todos os Credos, Raças e Etnias... E cá prá nós; Como somos um povo miscigenado (misturado), em todas as famílias, sempre tem ‘seus ricos e pobres; seus negros e brancos... O povo brasileiro não é belicoso...

Então que lula vá catar coquinho, junto com seus asseclas; já estão catando...

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