Por Ricardo
Brito, 10/12/2012,
www.estadão.com.br
O ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo
do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), criticou nesta...
O ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo
do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), criticou nesta segunda-feira
(10) a ideia de que os deputados condenados no caso percam os mandatos tão logo
se esgotem todas as possibilidades de recursos. Para o ministro, a perda dos
mandatos é decisão que cabe à Câmara dos Deputados. Segundo Lewandowski, a
Câmara deverá instaurar processo disciplinar contra os três parlamentares
considerados culpados na ação - João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto
(PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) - e decidir sobre a perda dos mandatos.
"Somos guardiães da Constituição e não
censores do constituinte", afirmou o revisor. Para ele, os parlamentares
foram eleitos de forma legítima e somente podem deixar o cargo por decisão do
próprio Poder Legislativo. "Nós não podemos imprimir a interpretação à
nossa perspectiva subjetiva", disse, ao destacar que o texto
constitucional "não comporta nenhuma margem de interpretação". O
ministro, contudo, disse ter certeza de que a Câmara saberá avaliar a gravidade
dos casos.
O relator Joaquim Barbosa, também presidente do
STF, rebateu Lewandowski ao sustentar que o papel dos ministros do Supremo é
sim de "guardião da Constituição, de dizer o que é a Constituição".
"Causa espécie, desconforto, dizermos ao Congresso Nacional que uma pessoa
condenada a 10, 12, 15 anos (de prisão) possa exercer um mandato
parlamentar", respondeu, ao destacar que considera a permanência de
congressistas com essa situação são "absolutamente incompatíveis e
inconciliáveis" com o ambiente do Legislativo.
Mesmo ainda não tendo votado, o ministro Gilmar
Mendes sinalizou durante as discussões que acompanhará o voto do relator, ou
seja, pela perda imediata do mandato. "Está preso, em regime fechado, mas
com o mandato parlamentar? Isto salta aos olhos", afirmou. Para ele, o
texto constitucional é "ambíguo" nessa questão. Outro ministro que
entrou no debate antes de votar, Celso de Mello, destacou que a condenação
criminal sem possibilidade de recursos cessa os direitos políticos. E, na
opinião dele, sem esses direitos ele não poderia atuar no Congresso.
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