Por Márcio C. F., 08/12/2012.
Texto de:
Eduardo Guimarães, 30/11/2012
Ninguém
aceita as justificativas para o recuo do relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG),
de retirar de seu texto os pedidos de indiciamento de Policarpo e Gurgel.
A entrevista
que o vice-presidente da CPI do Cachoeira, deputado Paulo Teixeira (PT-SP),
concedeu ao Blog na quinta-feira, exige reflexão. Aqui ou em qualquer outra
página em que a entrevista foi reproduzida – como no Blog do Nassif ou no Brasil
247 – os comentários foram, esmagadoramente, críticos. Aliás,
melhor seria dizer que foram comentários furiosos.
As reações
foram da ampla satisfação dos comentaristas de viés tucano a mais ampla
rejeição dos de viés petista. Ninguém aceita as justificativas para o recuo do
relator da Comissão, Odair Cunha (PT-MG), no sentido de retirar de seu texto os
pedidos de indiciamento do jornalista Policarpo Jr. e do procurador-geral da
República, Roberto Gurgel.
Particularmente,
fiquei dividido. Ao mesmo tempo em que, como todos sabem, apoio posições mais
corajosas do PT e do próprio governo Dilma para enfrentar os ataques tucano-midiático,
reflito sobre as condições efetivas de êxito que tanto um quanto outro possam
ter tido...
Analisando o
que o deputado Paulo Teixeira disse ao Blog, torna-se óbvio que a base aliada
se esfacelou – ao menos no âmbito da CPI. Ora, a base aliada controla a
presidência, a vice-presidência e a relatoria da Comissão, mas não conseguiu
aprovar nada mais do que a oposição.
Se a base
aliada convocou – ou convidou – um governador como Marconi Perillo – que, na
verdade, é o foco da investigação por seu envolvimento escandaloso com o
bicheiro Carlos Cachoeira –, a oposição conseguiu convocar o governador petista
Agnelo Queiroz, contra quem não pesa nem um grama do que pesa contra seu
homólogo tucano.
E se a base
aliada convocou Paulo Preto, a oposição convocou Luiz Antonio Pagot...
O equilíbrio
de forças oposicionistas e situacionistas na CPI mostra, portanto, que grande
parte da base aliada ao governo Dilma atua ora como governista, ora como
oposicionista. Não se sabe ao certo, portanto, qual é a verdadeira base aliada
do governo Dilma, mas pode-se inferir que, à exceção do PC do B, não exista
nenhum outro aliado confiável.
Em uma
situação assim, fica mais fácil entender o temor do governo Dilma e do próprio
PT. Com uma base de apoio tão volátil – e, frequentemente, tão desleal –, o
governo se expõe, no limite, até as revoltas parlamentares como a que deu origem
ao impeachment do ex-presidente Fernando "aquilo roxo" Collor de
Mello.
Não é
brincadeira...
Isso sem
falar que Dilma tem como vice ninguém mais, ninguém menos do que Michel Temer,
que já foi aliado "fiel" dos tucanos e que, dizem, está por trás da
hesitação da presidente em relação à imprensa. O governo deve temer
Temer. E muito. Se Dilma sofrer queda de popularidade, ele salta do barco antes
que você, leitor, possa proferir a palavra fisiologia.
Vejo-me
obrigado, portanto, a refletir sobre a expressão "governo de
coalizão". Boa parte da militância petista não leva em conta algo que
escrevi há alguns meses aqui, sobre que o PT chegou ao governo, sim, mas não
chegou ao poder.
O fato é que
a imprensa, apesar de não conseguir mais eleger quem quer por estrita falta de
colaboração desse ente que trata sempre como detalhe nas escolhas que o país
faz, ou seja, o povo ainda tem um poder político praticamente inacreditável.
Isso porque se impõe em quase todos os partidos, para não dizer em todos.
A situação
se torna estarrecedora quando se reflete que, mesmo no único partido em que a
mídia não deveria ter influência, ela tem. Todos sabem muito bem quais são os
petistas que vivem aos beijos e abraços com o Partido da Imprensa Golpista
enquanto este faz tudo o que pode e o que não pode para destruir o partido
deles.
Como já
expliquei em post anterior, isso deve ao
fato de que essa coisa de que a mídia não influi mais em eleições pode até ser
verdade em eleições mais disputadas, nas quais o PT joga com a "bomba
atômica" Lula e com o peso – e o dinheiro – que sua nova configuração
ideológica lhe propiciou a partir de 2002. Mas não é verdade no varejo.
É óbvio que
parlamentares, prefeitos de cidades menores e até governadores continuam sendo
eleitos por influência da mídia – e são esses que até aderem, fisiologicamente,
ao partido que está no poder, mas só para mamar, pois, na hora do vamos ver, os
integrantes desses partidos "aliados" são liberados pelos dirigentes
para agirem como quiserem.
Um bom
exemplo é São Paulo. Enquanto Orestes Quércia estava vivo, o PMDB era o maior
aliado do PSDB por aqui, apesar de dividir o governo federal com o PT. É óbvio,
portanto, que os interesses que um PMDB representa em São Paulo acaba
interferindo na atuação da bancada federal do partido. E esse é só um exemplo.
Você,
eleitor ou simpatizante do PT, pode ficar contrariado com o partido. Pode dizer
que é covarde, pode xingá-lo quanto quiser. Mas uma coisa é certa: o PSDB só
não está no poder porque o PT aceitou essas regras do jogo. O que há para
decidir, portanto, é se queremos o PT no poder, mas sem poder falar grosso, ou
falando grosso, mas na oposição.
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