Por Dione Kuhn, 11/12/2012,
www.zerohora.com.br
Editora
de Política de ZH comenta a situação do ex-presidente, alvejado por Marcos
Valério
Para cada escândalo que o seu
governo enfrentou — e são pelo menos quatro grandes — Lula dispunha de escudos.
O primeiro deles, a popularidade. Em oito anos de mandato, ela não só foi
permanente como ascendente.
A avaliação positiva era tamanha
que no auge do escândalo do mensalão ninguém da oposição ousou levar adiante o
pedido de impeachment do presidente, com medo de ir na contramão da opinião
pública.
O segundo escudo, a caneta para
nomear, exonerar e liberar verbas. Com ela, conseguiu manter os mais de 10
partidos aliados coesos no Congresso. O terceiro e último era formado por
homens da sua confiança. Esses, sim, destruídos ao longo do governo: José
Dirceu
(ex-chefe da Casa Civil), Antonio
Palocci (ex-ministro da Fazenda), Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT) e José
Genoino (ex-presidente do PT), nesta ordem de importância.
Fiéis a uma causa, os quatro
caíram, porém calados. Dirceu, Delúbio e Genoino irão para a cadeia por conta
do mensalão, mas ninguém espera que algum dia abram a boca para contar o que
realmente sabem.
Desde que a Polícia Federal
deflagrou a Operação Porto Seguro, no dia 23 de novembro, trazendo a público a
figura de Rosemary Nóvoa de Noronha — uma mulher que tinha relação tão próxima
com Lula a ponto de frequentar a cabine presidencial do Aerolula nas viagens
internacionais —, o ex-presidente está calado. Um silêncio revelador.
Na terça-feira, questionado sobre
as novas acusações, Lula limitou-se a dizer que são "mentiras". Não
aceitou responder a outras perguntas sobre o tema.
O depoimento de um condenado a
mais de 40 anos de prisão como o do empresário Marcos Valério pouca
credibilidade teria se Lula estivesse ainda no poder. Tanto que boa parte das
denúncias por ele apresentadas à Procuradoria-Geral da República já era de
conhecimento público desde a época da eclosão do mensalão. Nenhuma das três
CPIs criadas na ocasião levou adiante essas acusações.
Por maior que seja a sua gratidão
a Lula, a presidente Dilma Rousseff tem um país para governar e uma imagem a
preservar, não pode gerenciar crises do passado. Apesar do claro esforço para
proteger seu padrinho político, esse esforço tem um limite.
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