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sábado, 3 de outubro de 2015

Sem escudos Lula enfrenta novas denúncias



Por Dione Kuhn, 11/12/2012, www.zerohora.com.br
 Editora de Política de ZH comenta a situação do ex-presidente, alvejado por Marcos Valério
Para cada escândalo que o seu governo enfrentou — e são pelo menos quatro grandes — Lula dispunha de escudos. O primeiro deles, a popularidade. Em oito anos de mandato, ela não só foi permanente como ascendente.
A avaliação positiva era tamanha que no auge do escândalo do mensalão ninguém da oposição ousou levar adiante o pedido de impeachment do presidente, com medo de ir na contramão da opinião pública.
O segundo escudo, a caneta para nomear, exonerar e liberar verbas. Com ela, conseguiu manter os mais de 10 partidos aliados coesos no Congresso. O terceiro e último era formado por homens da sua confiança. Esses, sim, destruídos ao longo do governo: José Dirceu
(ex-chefe da Casa Civil), Antonio Palocci (ex-ministro da Fazenda), Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT) e José Genoino (ex-presidente do PT), nesta ordem de importância.
Fiéis a uma causa, os quatro caíram, porém calados. Dirceu, Delúbio e Genoino irão para a cadeia por conta do mensalão, mas ninguém espera que algum dia abram a boca para contar o que realmente sabem.
Desde que a Polícia Federal deflagrou a Operação Porto Seguro, no dia 23 de novembro, trazendo a público a figura de Rosemary Nóvoa de Noronha — uma mulher que tinha relação tão próxima com Lula a ponto de frequentar a cabine presidencial do Aerolula nas viagens internacionais —, o ex-presidente está calado. Um silêncio revelador.
Na terça-feira, questionado sobre as novas acusações, Lula limitou-se a dizer que são "mentiras". Não aceitou responder a outras perguntas sobre o tema.
O depoimento de um condenado a mais de 40 anos de prisão como o do empresário Marcos Valério pouca credibilidade teria se Lula estivesse ainda no poder. Tanto que boa parte das denúncias por ele apresentadas à Procuradoria-Geral da República já era de conhecimento público desde a época da eclosão do mensalão. Nenhuma das três CPIs criadas na ocasião levou adiante essas acusações.
Por maior que seja a sua gratidão a Lula, a presidente Dilma Rousseff tem um país para governar e uma imagem a preservar, não pode gerenciar crises do passado. Apesar do claro esforço para proteger seu padrinho político, esse esforço tem um limite.

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