PGR anula acordo do empreiteiro
Léo Pinheiro, da OAS, descartando revelações pesadíssimas contra Lula - e que
mencionam também Dilma, Aécio e Serra
Por Thiago Bronzatto Robson Bonin, 26/08/2016,
www.veja.com.br
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
tomou a decisão mais controversa da Operação Lava-Jato na semana passada.
Diante da repercussão da reportagem de capa de VEJA, Janot informou que as
negociações de delação do empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, estão
encerradas. O vasto material produzido ao longo de cinco meses de tratativas
entre a Procuradoria e o empreiteiro foi enviado para o incinerador, eliminando
uma das mais aguardadas confissões sobre o escândalo de corrupção na Petrobras.
Para quem vive atormentado desde 2014, quando
surgiu a Lava-Jato, a decisão de Janot representa um alívio ou até a salvação.
Léo Pinheiro se preparava para contar os detalhes de mais de uma década de
simbiose entre o poder e a corrupção. Em troca de uma redução de pena, o
empreiteiro ofereceu aos investigadores um calhamaço com mais de setenta
anexos. São capítulos que mostram como a corrupção se apoderou do Estado em
diversos níveis.
VEJA teve acesso ao conteúdo integral de sete
anexos que o procurador-geral decidiu jogar no lixo. Eles mencionam o ex-presidente
Lula, a campanha à reeleição da presidente afastada Dilma Rousseff e, ainda,
dois expoentes do tucanato, o senador Aécio Neves e o ministro José Serra. A
gravidade das acusações é variável. Para Lula, por exemplo, as revelações de
Léo Pinheiro são letais. Lula é retratado como um presidente corrupto que se
abastecia de propinas da OAS para despesas pessoais. O relato do empreiteiro
traz à tona algo de que todo mundo já desconfiava, mas que ninguém jamais
confirmara: Lula é o verdadeiro dono do famoso triplex no Guarujá, no litoral
de São Paulo — comprado, reformado e mobiliado com dinheiro de uma conta em que
a OAS controlava as propinas devidas ao PT.
O triplex do Edifício Solaris é o tema de um dos
anexos que narram crimes praticados pelo ex-presidente. O empreiteiro conta
que, em 2010, soube, por intermédio de João Vaccari, então tesoureiro do PT,
que Lula teria interesse em ficar com o imóvel no prédio. Vaccari, que está
preso, pediu ao empreiteiro que reservasse a cobertura para o ex-presidente.
Não perguntou o preço. E quem pagou? Léo Pinheiro responde: “Ficou acertado com
Vaccari que esse apartamento seria abatido dos créditos que o PT tinha a
receber por conta de propinas em obras da OAS na Petrobras”. Ou seja: dinheiro
de propina pagou esse pequeno luxo da família Lula. Para transformar o que era
um dúplex em um triplex mobiliado, a conta, segundo a perícia, ficou em pouco
mais de1 milhão de reais. Pinheiro esclarece até mesmo se Lula sabia que seu triplex
era produto de desvios da Petrobras. “Perguntei para João Vaccari se o
ex-presidente Lula tinha conhecimento do fato, e ele respondeu positivamente”,
diz o anexo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário