Se Ricardo Lewandowski continuar
a conduzir os trabalhos com isenção e destreza, não há razão para o julgamento
se estender além do dia 29
Por Reinaldo
Azevedo, 11/08/2016,
www.veja.com.br
A presidente afastada, Dilma Rousseff,
será intimada nesta sexta-feira, depois que José Eduardo Cardozo, seu advogado,
a entregar as alegações finais. O julgamento, já está definido, começa no dia
25.
Segundo o rito estabelecido, a partir
do libelo da defesa, cantam-se 10 dias para o julgamento. Logo, deveria ter
início no dia 22. Mas aí se descobre que não se começa a contar o prazo num fim
de semana. Ah, bom. Só a partir de segunda, dia 15. E os dias 20 e 21, também
sábado e domingo, respectivamente? Ah, esses contam.
Ok. Que seja! Começando a 25 de agosto,
há cinco dias úteis para o julgamento (25, 26, 29, 30 e 31). Os que defendem o
impeachment acreditam que três são mais do que suficientes. A acusação já
afirmou que pretende abrir mão de três das seis testemunhas para acelerar as
coisas.
O processo, assim, termina em agosto
mesmo, o que permitirá ao presidente, aí não mais interino, Michel Temer
participar da reunião do G-20, na China.
Os petistas e assemelhados inventaram a
cascata de que Temer quer pressa na votação porque tem receio das investigações
da Lava Jato, o que poderia reverter alguns votos no Senado. É uma tolice sem
tamanho.
Em primeiro lugar, ainda que a acusação
contra Temer já estivesse clara e consolidada, não se trocaria o certo pelo
duvidoso. Dilma também está enrolada na Lava Jato.
Em segundo lugar, talvez os petistas
pudessem apontar quais senadores tenderiam a mudar de lado. Isso é conversa
mole! O que deve acontecer é o contrário: o impeachment tende a ganhar mais dois
ou três votos. É parte apenas da estratégia para deslegitimar aquele que é
substituto constitucional de Dilma.
“E se também Michel Temer for engolfado
pela Lava Jato?” Ora, nós vamos; como diz o próprio presidente, ver o que diz o
“livrinho”, a Constituição.
Os petistas sabem que nada mais há a
fazer a não ser assoviar uma melodia triste. Já era. Por isso pagam o mico de
recorrer até a Comissão Interamericana de Direitos Humanos para denunciar uma
suposta agressão aos direitos individuais de Dilma, o que adiciona ao patético
um flagrante desrespeito pelos Poderes Legislativo e Judiciário.
Tomara que o ministro Ricardo
Lewandowski continue a presidir com a devida
isenção e destreza os trabalhos. Se assim for, não há nenhuma razão para
que se estenda o julgamento além de 29 de agosto.
E aí estaremos a dois dias apenas de
entrar no mês de setembro, quando chegará a hora de Eduardo Cunha prestar
contas por suas escolhas.
Se a Câmara fizer o serviço sujo, o
Supremo se encarregará de limpar a sujeira.
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