Por Ricardo
Boechat, 19/08/2016,
www.istoé.com.br
Na Olimpíada que terminou neste domingo, com saldo
amplamente positivo para os esportes e para o Rio de Janeiro, a quantidade de
imprevistos frustrou muitas previsões.
Apontando para questões ambientais, de mobilidade
urbana e de violência, os videntes mais cruéis, especialmente estrangeiros,
deram declarações à imprensa condenando os Jogos de 2016 ao fracasso.
O saldo das três semanas de competição calou essa
turma – da qual se espera a devida retratação.
Aliás, o mesmo deveriam fazer outros autores de
frases desastradas. É o caso do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal
Federal. Na quarta-feira 17, ele afirmou que a Lei da Ficha Limpa “parece ter
sido feita por bêbados”.
Claro que muita gente imagina, com razão, que a
certas autoridades cabe conduta mais comedida. Mas, considerando o
comportamento de alguns juízes de nosso Supremo frente aos holofotes é realista
concluir que essa vaca já foi para o brejo.
Mendes poderia enxergar a Ficha Limpa por lente
oposta, destacando mais suas qualidades do que eventuais imperfeições. Seria um
ato de coerência do magistrado. Não só porque aquele texto legal nasceu de
amplo movimento popular contra políticos que delinqüem com dinheiro público,
mas porque decisões do TSE, que o próprio Gilmar preside e onde bêbados não
julgam, já deram integral respaldo à mesma Lei.
Presídios
No pódio
Antes das Olimpíadas de 2020, o Brasil vai bater a
Rússia e ficar com a medalha de bronze, entre países com maior número de presos
no mundo. Segundo o último Levantamento Nacional de Informações
Penitenciárias, o País tem 622.202 detentos. Na terra de Wladimir Putin são
644.237 (2015). Nas primeiras posições estão EUA (2,2 milhões) e China (1,6
milhão). Detalhe: nos três países o volume de presos vem caindo. Aqui, cresce e
custa caro – cerca de R$ 1 bilhão por mês.
Polícia
Federal
Só no chão
Um grupo de delegados da PF participou de reunião
do Conselho Superior da FIESP. Entre as críticas feitas ao Ministério da
Justiça, acusaram José Eduardo Cardozo de ter paralisado o projeto VANT do
órgão. Garantiram que os dois drones comprados em Israel, no Governo Dilma,
praticamente ficaram no chão. A PF espera que Alexandre Moraes (foto) toque o
projeto. Ainda mais agora, que afirma que “investimentos em equipamentos
bélicos e de vigilância são prioridades do Ministério da Justiça.”
Fazenda
Urnas no horizonte
O Palácio do Planalto quer abafar o tititi de que
há rusgas na relação Michel Temer/Henrique Meirelles (foto). A par disso, ninguém
na Presidência da República duvida de que o czar da economia, com o seu
protagonismo, ensaia disputar um cargo público em 2018 – mesmo com cintura dura
na política. Um ministro de Temer lembra quando Meirelles saiu do BankBoston:
buscou o governador Marconi Perillo (PSDB) para se eleger, pela primeira vez,
deputado federal por Goiás, em 2002. Nem assumiu. Preferiu ser presidente do
BC. Mas segundo esse ministro, Meirelles, desde então, mantém um pé cá, outro
lá – na política.
Churrasquinho
Picanha estatal
Em duas tentativas na semana passada, a Coluna
tentou obter explicações sobre uma estranha licitação aberta pela Caixa
Econômica Federal. O banco público vai gastar dinheiro na compra de 17.400 kits
para churrasco. Não bastasse a exótica encomenda, causa ainda mais surpresa a
sua finalidade. Segundo o edital, os brindes serão destinados a membros do
“nicho do Judiciário”.
Ministérios
Trocas
A agenda “ousada e corajosa” que Michel Temer disse
que irá cumprir depois de efetivado no cargo passa pela substituição de alguns
ministros. O do Planejamento, Dyogo de Oliveira, é tido como carta fora do
baralho. Prevalece entre assessores do presidente a convicção de que ele é
ligado ao PT. Por isso, a Pasta é apontada como foco de vazamentos de dados
estratégicos do governo. Oliveira assumiu apoiado por Romero Jucá, primeiro
escolhido de Temer. Os dias de Fábio Osório na chefia da AGU também parecem
contados. No Planalto critica-se a “excessiva autonomia do advogado”.
Rio
2016
Ouro, prata e ferro
O ditador Kim Jong-um, líder da dinastia comunista
da Coréia do Norte – e que pune duramente os “desobedientes” – fixou como meta
nos Jogos do Rio a conquista de cinco ouros. Para garantir o resultado enviou
ao Brasil o terceiro homem na hierarquia do governo, Ryong Rae Choi. As
repreensões do cartolão não surtiram efeito e os pódios dourados da equipe
foram apenas dois. O bicho vai pegar em Pyongyang.
Judiciário
Destino da toga
As reformas que começaram no gabinete do ministro
Ricardo Lewandowski sugerem que ele permanecerá no STF, depois de passar a
presidência para a colega Carmen Lúcia, em 12 de setembro. A futura presidente
do Supremo ainda não escolheu quem irá saudá-la: as apostas recaem sobre a
ministra Rosa Weber (por questão de gênero) e Celso de Mello (decano do STF).
Fruta
Doce e gostosa
O sabor especial da BRS Vitória, uva preta sem
sementes desenvolvida pelos pesquisadores da Embrapa, conquistou os ingleses e
abriu uma janela que estava fechada para o Brasil: exportar o produto de abril
a dezembro, período em que o mercado europeu é abastecido pela
fruta colhida na Itália, Espanha e Grécia. Os embarques para Londres são
feitos pela Labrunier, a maior produtora de uva de mesa do Brasil. A BRS
Vitoria é tolerante ao míldio, principal fungo que ataca as videiras no País, e
pode ser produzida com uma redução de 20% na aplicação de outros produtos
químicos.
Olimpíadas
Fora das quadras
O Bradesco patrocina os Jogos no Rio e algumas
modalidades. O vôlei não é uma delas, mas José Luiz Trabuco, presidente do
banco, visitou a Casa do Vôlei, e revelou ao anfitrião Ary Graça ser um grande
conhecedor e fã do esporte.
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